Rastros e resíduos da tradição regionalista na trama cosmopolita de Galileia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Medeiros, Maria Helissa de
Orientador(a): Santos, Derivaldo dos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/32458
Resumo: Este trabalho parte do pressuposto de que o romance Galileia, de Ronaldo Correia Brito, prolonga o passado no presente à base do resíduo cultural e do rastro acoplado ao de memória. Lembrar o passado se caracteriza por aquilo que resta, que remanesce de um tempo em outro, podendo significar a presença de uma sociedade que vive o passado à luz de vestígios culturais. Interessa-nos, pois, analisar o duplo movimento que constitui tal romance: um voltado para a busca de uma vida moderna com a ideia de que a modernidade está impregnada de acasos e acúmulo de experiências renovadas; outro vinculado a modos de vida baseados na experiência tradicional, representada na imagem de uma família patriarcal decadente, em que a experiência vem sob a forma de rastro no texto literário. No tocante à fundamentação teórica, o percurso analítico apoia-se no conceito de dialogismo sistematizado por Bakhtin (1997), por entender que a literatura se constitui como uma rede de relações dialógicas entre vozes advindas do passado e do presente. Nessa direção, a análise prevê que o romance se encaixa no que Antonio Candido (2000) intitula ―dialética do localismo e do cosmopolitismo‖, uma vez que o discurso da tradição regional se mantém à base do vestígio, ao mesmo tempo em que a criação literária do autor o transforma em discurso da modernidade, elevando o local à condição do universal. Por isso, tomaremos a noção de resíduo cultural empreendida por Raymond Williams (1979), e de rastro, defendida por Walter Benjamin (2006) para subsidiar nossa análise, a fim de pensarmos sobre o modo como componentes da tradição regionalista são incorporados ao romance, ao mesmo tempo em que são atualizados. Tais categorias analíticas, salvaguardando as singularidades que lhes são próprias, trazem como base comum do pensamento crítico a relação da vida presente com o passado histórico. Durante a análise, foi possível perceber que o romancista investiu, literariamente, numa imagem de sertão atual, livre de estereótipos, uma vez que reaparecem, em Galileia (2008), cenas entrelaçadas a discursos outros que possibilitam a ressignificação da região, compreendida não mais como espaço meramente inscrito na natureza, mas a partir de seu caráter histórico e político e delineado pelas representações culturais.