Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Ferreira, Roberta Zaffalon |
Orientador(a): |
Oliveira, Michele Mandagará de |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pelotas
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/handle/prefix/12941
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Resumo: |
O consumo de substâncias psicoativas (SPA) na humanidade datam desde a pré história, servindo ao ser humano para uma série de finalidades, que variam desde a busca pelo prazer até fins religiosos, místicos e terapêuticos. Em 2010 o tema das drogas ganhou destaque no panorama político-midiático brasileiro, e o crack foi a droga que mais impactou a saúde pública e que chamou a atenção pois seu uso foi atribuído a crimes violentos e pela suposta degradação moral de parte da juventude brasileira. A antropologia é uma ferramenta importante para conhecer em profundidade os fenômenos sociais atrelados a pessoas que usam drogas. A luz da antropologia, optou-se por abordar a teoria dos dons e dádivas, escrita por Marcel Mauss, para guiar a construção desta pesquisa.Esta escolha foi feita pois acredita se que o conceito desenvolvido por Mauss abarca o sentido das relações de trocas e relações sociais entre os indivíduos pois entende-se por dom ou dádiva tudo que circula na sociedade que não está ligado nem ao mercado, nem ao Estado e nem à violência física. É o que circula em prol do ou em nome do laço social. Objetivo: Compreender a organização da vida de pessoas usuárias de crack na perspectiva das relações e sanções sociais por elas vividas ou experienciadas. Trata-se de uma pesquisa etnográfica, que acompanhou pessoas usuárias de crack no âmbito de suas vivências no município de Pelotas, sendo realizado entrevista com seis pessoas e observação de aproximadamente 20 pessoas no total, sendo tudo registrado em diário de campo. O acesso aos usuário socorreu por intermédio da Estratégia de Redução de Danos e a coleta de dados ocorreu de julho a dezembro de 2017, perfazendo cinco meses de campo. A pesquisa teve aprovação do Comitê de ética sob parecer no 2.128.305.A inserção em campo possibilitou conhecer parte do dia a dia dos usuários de crack e perceber que nesta rotina de vida estão sujeitos constantemente a fortes sanções e relações nas quais também se beneficiam.Muitas das pessoas observadas, vivem em situação de miséria sendo histórico a relação de pobreza que permeia o uso do crack, no entanto, a necessidade vivenciada por estas pessoas pode ser vista à luz de Mauss, como relações de troca e solidariedade, pois os usuários em condições precárias de abrigo, moradia e alimentação, ajudam-se uns aos outros na tentativa de conforto e bem-estar; foi marcante a presença de adolescentes e crianças em cenas de uso e em meio a comercialização de drogas, além da prostituição de meninas como forma de sustento e obtenção de drogas; a violência e perdas é uma realidade marcante no cotidiano destas pessoas, seja proveniente do tráfico ou da polícia. Eles mostram-se solidários e recebem solidariedade e ajuda de outras pessoas. A família é essencial no acolhimento e recuperação do usuário. Constata-se, que a atenção ao usuário de drogas consiste em um desafio,é necessário diferentes olhares e ações tendo como centro a pessoa usuária de crack de modo individual e também coletivo, considerando os determinantes sociais que a envolve e com isso traçar ações inter e multidisciplinares. |