Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2013 |
Autor(a) principal: |
Ferreira, Roberta Zaffalon |
Orientador(a): |
Oliveira, Michele Mandagará de |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pelotas
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
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Departamento: |
Faculdade de Enfermagem
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/5802
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Resumo: |
Os usuários de crack são comumente marginalizados e apontados como sem valor, com tendência a serem excluídos do convívio social, fato que leva esta população criar grupos para consumir a droga, formando as populares cracolândias. O estudo objetivou conhecer o sentido antropológico de dons e dádivas entre grupos de usuários de crack e outras drogas dentro das cenas de uso. Consiste em um estudo qualitativo com abordagem etnográfica que utilizou como referencial teórico a teoria dos dons e dádivas do sociólogo Marcel Mauss. Foi desenvolvido no Município de Pelotas no período de dezembro de 2012 a julho de 2013, possuindo como método de coleta de dados a observação participante, diálogo e registro em diário de campo. As observações foram realizadas em grupos de usuários de crack e outras drogas formados em locais públicos e privados do município. Os participantes do estudo foram pessoas que faziam o uso de crack e outras drogas no cenário de uso de drogas, havendo uma aproximação maior com 13 pessoas ao longo do estudo. A análise dos dados apresenta-se embasada no Interpretativismo de Clifford Geertz. Esta etnografia desvelou que os usuários de crack possuem diferentes formas de viver, de se adaptar e de se organizar como grupo. As cenas de uso criadas por esta população não são configuradas apenas como local único e exclusivo de consumo de drogas, elas também servem como abrigo e ponto de encontro entre pessoas. Os usuários inseridos nesses grupos mostram-se contrários às imagens vendidas nos grandes veículos de comunicação, havendo entre eles uma rede de solidariedade que resulta em um trabalho coletivo na tentativa de amenizar as adversidades encontradas nas ruas. Alguns denominam-se livres e nômades, sem vínculos a grupos. No entanto, de diferentes formas estão quase sempre próximos, prezando pela saúde e relações de ajuda e solidariedade. Os usuários de crack, na falta ou escassez, dividem e compartilham droga, roupas ou comida, na incerteza do retorno do bem. Dessa forma acredita-se que a teoria do dom permeia imensamente as relações no presente; no momento em que estão no grupo, mostram-se solidários em certas situações, lutam para vencer o estigma e o preconceito, dividem e doam a pedra, quando necessário, sem a certeza do retorno, organizam-se e buscam ajudar no cuidado da saúde dos mais debilitados. No entanto, as mudanças só começarão a aparecer no contexto destas pessoas, no momento em que as políticas de atenção e assistência que envolvem esta população passarem a ser prioridade dos nossos gestores. |