O conceito de objetividade: um estudo sobre sua estrutura lógica e definição mínima.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Miranda, John Florindo de
Orientador(a): Strefling, Sérgio Ricardo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Filosofia
Departamento: Instituto de Filosofia, Sociologia e Política
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/7566
Resumo: Este estudo partiu da seguinte questão: que é objetividade? A fim de respondê-la, articulou-se uma análise abrangente do conceito de objetividade, focada especialmente na estrutura lógica e na possibilidade de uma definição mínima desse conceito. Por estrutura lógica se entendeu certo conjunto de conceitos básicos mais imediatamente ligados à objetividade e que constituem o pano de fundo de sua inteligibilidade. Por definição mínima se entendeu a definição formal mais elementar que se faz necessária para que algo conte como objetivo. Supôs-se que ambos os tipos de análise são fundamentais para a compreensão do referido conceito. Neste sentido, entendeu-se que o papel da análise estrutural é o de elucidar qual seja o pano de fundo conceitual que assegura a inteligibilidade do conceito em questão. Para tanto, elegeram-se e analisaram-se os seguintes conceitos estruturais, a saber: objeto, existência, realidade, sujeito, percepção e mente. Central para essa análise estrutural foi o problema da relação entre sujeito e objeto/subjetividade e objetividade. Mostrou-se necessário fornecer uma caracterização adequada de cada um dos polos da relação para então poder fornecer-se uma caracterização adequada da relação mesma. Tendo-se especificado cada polo da relação, entendeu-se que se trata de uma relação intrinsecamente dialética, a qual não apresenta perspectiva de resolução filosófica. Concluiu-se que esse resultado não precisa ser avaliado negativamente, mas que, antes, está harmonizado com a própria natureza da reflexão filosófica. Extraiu-se daí, também, uma conclusão prática mais específica, qual seja: que a objetividade em âmbitos tais quais a ética sempre demandará a correta compreensão da natureza dialética desse conceito, razão pela qual, em tais casos, não se poderá rechaçar de todo o papel da subjetividade. Uma vez posto o pano de fundo conceitual da objetividade, sustentouse que é possível articular uma concepção mínima de objetividade, a qual, embora não possa resolver questões substantivas, é previamente necessária para tal. Pois que, antes de assumir posições definidas em debates substantivos sobre objetividade, é preciso ter clareza sobre o que se está falando, isto é, sobre o que pode minimamente ser visto como objetividade. Quanto à proposta definicional do trabalho em particular, lançou-se mão de uma concepção minimalista centrada na não arbitrariedade dos juízos. Mais precisamente: sustentou-se que, em um sentido mínimo, o conceito de objetividade expressa primariamente uma propriedade que certos itens epistemológicos têm (p. ex., juízos, crenças, etc.) quando, em um dado contexto de interesse cognitivo, seguem padrões normativos cuja autoridade é legítima – em que uma autoridade legítima é aquela que não é exclusivamente constituída por atitudes pessoais. Essa concepção minimalista intenta dar conta das demandas elementares das principais teorias objetivistas da tradição de filosofia analítica; e se distingue por reconhecer a necessidade de delimitar um campo de interesse cognitivo. Com isso se evita, pois, o problema da trivialidade, isto é: a suspeita de que, uma vez que toda afirmação significativa pode equivaler a uma afirmação objetiva, então a objetividade pode não acrescentar nada ao discurso, e nem mesmo distinguir-se das afirmações subjetivas. Ao ser articulada em termos primariamente epistemológicos, incluindo a consideração de interesses e capacidades epistêmicas, a concepção mínima aqui articulada evita a trivialidade. E mesmo sendo primariamente epistêmica, revela-se compatível com as concepções metafísicas mais comuns sobre a natureza última da objetividade.