Práticas de autoatenção da pessoa e sua família frente ao câncer colorretal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Barboza, Michele Cristiene Nachtigall
Orientador(a): Muniz, Rosani Manfrin
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
Departamento: Faculdade de Enfermagem
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpel.edu.br/handle/prefix/3857
Resumo: O presente estudo tem como objetivo compreender a utilização das práticas de autoatenção (PAA) na experiência de adoecimento pela pessoa com câncer colorretal (CCR) e sua família, sendo ele construído a partir dos conceitos da antropologia interpretativa de Clifford Geertz e da antropologia médica de Menéndez. Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa, realizada no Programa de Atendimento ao Estomizado e Incontinente (PAEI) da Secretaria Municipal de Saúde da cidade de Pelotas, sendo este o ponto de partida para seleção dos participantes do estudo. Participaram do estudo 23 pessoas, entre elas, 11 pessoas com CCR e 12 familiares. A coleta de dados foi realizada no período de maio a julho de 2017, mediante a entrevista em profundidade, a observação participante, com registro no diário de campo e o mapa mínimo das relações (MMR), sendo realizadas no domicílio dos participantes. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas sob parecer de número 2.063.328. A organização e gerenciamento dos dados foi realizada mediante o software WebQDA e a análise dos dados foi apoiada nos preceitos da análise temática de Braun e Clarke. Os resultados revelaram três temas apresentados em capítulos: Conhecendo os participantes; “Foi horrível”: contexto do adoecimento por CCR e; As práticas de autoatenção na vivência do câncer colorretal e estomia: “vida que segue”. No primeiro capítulo, foi realizada uma apresentação de todos os participantes do estudo, bem como seu MMR. No segundo capítulo, foi apresentado o contexto do início do adoecimento, destacando os sintomas iniciais, sua identificação com as alterações do corpo, a procura por curadores profissionais, permeando o sistema de saúde público e privado para solucionar o problema de saúde encontrado. Ainda neste capítulo, as pessoas depararam-se com o diagnóstico do CCR, sendo considerado um choque, horrível, devido ao estigma da doença, bem como a forma que receberam o diagnóstico, sendo considerada dura pelos participantes. Ademais, ter ciência da doença, não sentir-se doente e medo da recidiva foram dados encontrados neste tema. No terceiro capítulo, os dados foram apresentados conforme o surgimento dos acontecimentos ditos pelos participantes. Inicialmente, eles apontaram o uso das plantas medicinais, juntamente com a automedicação com o propósito de aliviar os sintomas identificados no início da doença, anterior ao conhecimento do diagnóstico do CCR como PAA utilizadas. Após, utilizaram de alguns alimentos ou suplementos para fortalecer o corpo com a enfermidade, sendo destacada também a utilização de tratamentos religiosos para obtenção da cura, estando estes articulados com o modelo biomédico. Ainda no terceiro capítulo, foram apresentadas as PAA realizadas posteriormente a confecção de uma estomia intestinal, destacando a modificação na alimentação, adaptação nas vestimentas e ambiente, bem como a preocupação com qualidade do material (bolsa de estomia) recebida pelo PAEI. Concluiu-se que a experiência de adoecimento e as PAA foram construídas e compartilhadas entre a pessoa com CCR, a família e o grupo social mediante as vivências elaboradas durante o processo, sendo este influenciado pela cultura. Destacando também que cada pessoa é diferente uma da outra e que frente uma doença estigmatizada, como CCR, sentem e ressignificam suas práticas e vivências conforme seus contextos culturais, e por isso vê-se a necessidade e importância de um atendimento de saúde mais sensível e individualizado a pessoas que experienciam um processo de adoecimento complexo e traumático como ocorre no CCR.