Estado nutricional e metabólico de pacientes gastrectomizados e colectomizados por câncer clinicamente curados com e sem diabetes mellitus: impacto da homeostase glicídica sobre variáveis clínicas e bioquímicas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Hayashi, Silvia Yoko
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5168/tde-08042014-093304/
Resumo: O rearranjo da anatomia gastrointestinal é atualmente o foco de estudos para a remissão e cura do diabetes mellitus tipo 2. Há evidências a favor da melhora desta comorbidade após a gastrectomia em pacientes não obesos, entretanto sem análise de longo prazo. O intestino grosso, como integrante do aparelho digestório e potencialmente produtor de incretinas, ainda não foi estudado em relação à influência de sua retirada (colectomia) no desfecho do diabetes. Nestas circunstâncias, faz-se necessário um estudo em longo prazo destas duas cirurgias na homeostase glicídica. Objetivos: Analisar a resposta em longo prazo do diabetes e pré-diabetes pré-existentes após gastrectomia, bem como, colectomia por câncer. Métodos: Foram analisados pacientes adultos submetidos à gastrectomia subtotal e total (Y de Roux) por câncer gástrico e colectomia (direita ou retossigmoidectomia) por câncer de colo e reto há mais de 3 anos e sem sinais de doença em atividade. Incluíram-se controles nas duas situações de pós-operatório tardio com homeostase glicídica normal, a fim de averiguar também sua evolução em longo prazo. Agregou-se ainda um grupo controle pré-operatório atual constituído de doentes diabéticos com câncer gástrico, candidatos à gastrectomia curativa, pois alguns exames analisados no pós-operatório não haviam sido coletados no período pré-operatório. Os pacientes foram divididos de acordo com a presença e curso clínico do diabetes. O grupo diabético foi subdividido em Refratários (permaneceram diabéticos) e Responsivos (remissão parcial ou completa). O grupo controle foi dividido em Estáveis (permaneceram sem diabetes) e Neodiabetes (ficaram diabéticos ou pré-diabéticos). Também foram avaliados de acordo com o tipo de cirurgia. Foram coletados exames de albumina, transferrina, ferritina, ferro sérico, hemoglobina, leucócitos, colesterol total, LDL, VLDL e HDL, triglicérides, insulina, hemoglobina A1C, Peptídeo C, IGF-1, Leptina, proteína C reativa, fibrinogênio, tempo de protrombina, dímero D, complemento C3 e C4, ácido fólico e vitamina B12. Peso, altura e perímetro abdominal e do quadril também foram analisados. Resultados: Os seguimentos atingiram 86,8 ± 25,1 meses nos gastrectomizados e 79,2 ±27,4 nos colectomizados. Os pacientes gastrectomizados beneficiaram-se com remissão do diabetes em 41,2% dos casos e os colectomizados em 32,4%. No grupo controle de gastrectomizados surgiram em longo prazo 63,2% de neodiabéticos e no de colectomizados 30,8%. Nos pacientes diabéticos responsivos com câncer gástrico houve paralelismo entre queda da glicemia e do IMC, algo que não se sucedeu nos acometidos de câncer colorretal. Em nenhuma das duas populações refratárias pode-se atribuir um papel para a variação do IMC no desfecho do diabetes. Nos pacientes neodiabéticos nenhuma contribuição do IMC foi despistada em quaisquer dos grupos estudados. Os pacientes diabéticos gastrectomizados e colectomizados não revelaram diferenças significativas nos valores de glicemia e prevalência de diabetes quando separados por tipo de cirurgia. Conclusão: Nos pacientes gastrectomizados, comprovou-se remissão do diabetes a longo prazo ainda que em proporções menores que as documentadas usualmente, com obesos tratados por cirurgia bariátrica. A perda de peso demonstrou influência positiva na resposta do diabetes. A exclusão duodenal pode ser outro fator envolvido na melhora do diabetes ao lado deste moderado emagrecimento. Já a remoção do fundo gástrico não demonstrou influência na evolução destes pacientes. Não há indícios de que a gastrectomia protegeu contra o aparecimento de novos casos de diabetes e pré-diabetes, pois estes se manifestaram em elevadas proporções. Os pacientes colectomizados diabéticos apresentaram taxa ligeiramente menor de responsivos quando comparados com o grupo bariátrico, sem diferenças significativas. A variação do peso e o local de ressecção não se relacionaram com o desfecho do diabetes. As conversões de pacientes normoglicêmicos para diabetes, ao final do tempo de seguimento, foram mais baixas que nos gastrectomizados. São necessários mais estudos para elucidar os mecanismos envolvidos na história natural da homeostase glicídica, tanto após gastrectomia quanto cirurgia colorretal