Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Mackedanz, Daiane |
Orientador(a): |
Amaral, Luís Isaías Centeno do |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pelotas
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Letras
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Departamento: |
Centro de Letras e Comunicação
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufpel.edu.br/handle/prefix/2869
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Resumo: |
O objeto de estudo deste trabalho situa-se no campo do contato linguístico entre português brasileiro e pomerano; precisamente, investiga-se como o contato com o português afeta a manutenção do pomerano na comunidade de Santa Augusta, São Lourenço do Sul, RS. A constituição da identidade em contexto bilíngue pomerano/português e como o pomerano influencia esse processo em 21 alunos do pré-escolar e em 29 estudantes do 9º ano do ensino fundamental são os aspectos centrais investigados e entendidos em sua relação com a manutenção do pomerano. Objetiva-se: analisar de que maneira e em que medida a constituição da identidade relaciona-se i) à adoção ou não de pedagogia culturalmente sensível na sala de aula do pré-escolar e ii) à orientação dos alunos de 9º ano; e observar na fala em português destes últimos a presença de marcadores linguísticos identitários e como se relacionam à orientação dos jovens. Os pressupostos teóricos são: Sociolinguística Variacionista (LABOV, 1972), combinada à Pedagogia Culturalmente Sensível (ERICKSON, 1987) e à Sociolinguística Educacional (BORTONI-RICARDO, 2005); bilinguismo e sujeito bilíngue (MOZZILLO, 2001; HEREDIA, 1989; GROSJEAN, 1995; 2008), diglossia (FERGUSON, 1959) e domínios linguísticos (FISHMAN, 1972); conceito de identidade, remontado criticamente da Psicologia Social (DESCHAMPS & MOLINER, 2014) e relacionado aos conceitos de semelhança e diferença (HALL & BUCHOLTZ, 2004), inovação e conservação (KROCH, 1976), grupo de pertença e referência (DESCHAMPS & MOLINER, 2014) e imigração (WEBER, 2006). Como desenho metodológico, adotou-se a etnografia. As duas etapas da pesquisa de campo ocorreram na Escola M.E.F. Martinho Lutero: observação das aulas do pré-escolar e entrevistas sociolinguísticas com os alunos do 9º ano. Os resultados apontam Santa Augusta como comunidade bilíngue com diglossia, em que o pomerano é a língua mais falada no lar e na lavoura, enquanto na igreja o português prepondera. Logo, a família possui importante papel para a manutenção do pomerano. No domínio escolar, ambas as línguas coexistem, o que aponta um posicionamento culturalmente sensível ao entorno sociocultural e importante para a manutenção da língua de imigração. Na turma pré-escolar, as escolhas pedagógicas se aproximam da Pedagogia Culturalmente Sensível, pois a alternância de código do português para o pomerano por parte da professora é empregada. Porém, o uso do PB aumenta à medida que o ano letivo chega ao final. Isso aponta um processo de substituição pelo PB, pois o pomerano passou, então, a ser usado majoritariamente nas interações aluno-aluno e em momentos de repreensão e/ou elucidação de ordem. Ainda sim, oito meninos preferem o pomerano durante suas interações, o que representa um ato identitário influenciado também pelos papeis sociais distintos de homens e mulheres na comunidade. Quanto à turma do 9º ano, os meninos, que desejam permanecer na comunidade, realizam mais transferências linguísticas do pomerano para a fala em PB. As meninas têm orientação pra fora da comunidade e por isso preferem as formas prestigiadas [R] - [kaRu] - e [w] - [legaw] durante sua fala em PB. [?] ([ka?u]) e [l] ([legal]) são, então, marcadores linguísticos de identidade dos meninos com orientação pra dentro de Santa Augusta e [R] e [l] o são na fala das meninas, as quais, todas, desejam sair da comunidade. |