Conhecimento, aceitação e utilização dos medicamentos genéricos após 12 anos da sua entrada no mercado: uma avaliação de base populacional no sul do Brasil.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Guttier, Marília Cruz
Orientador(a): Dâmaso, Andréa Homsi
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia
Departamento: Faculdade de Medicina
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/9293
Resumo: Os genéricos são vendidos no Brasil desde 1999 e vem ocupando uma parcela cada vez maior do mercado. Em estudo realizado logo após a entrada dos genéricos no mercado nacional (2002) (Bertoldi et al. 2005) demonstrou-se baixas prevalências de utilização dos mesmos e dificuldade por parte da população para diferenciar os medicamentos genéricos dos demais disponíveis no mercado (similares e referência). Após mais de uma década dos genéricos presentes no mercado brasileiro e com a imensa propaganda do Ministério da Saúde sobre a autenticidade dos mesmos, é importante entender como está o conhecimento, aceitação e utilização destes medicamentos pela população e quais são os fatores que podem estar associados com a preferência pela utilização de medicamentos genéricos, para poder concentrar nesses pontos os esforços das campanhas governamentais que visam a ampliação da utilização do medicamento genérico como uma forma de ampliar o acesso a medicamentos. Sendo assim, esta tese avaliou a percepção, conhecimento e utilização de medicamentos genéricos e os fatores associados a preferência pela utilização destes medicamentos na cidade de Pelotas. Como primeira abordagem, avaliou-se a evolução da percepção, conhecimento e utilização de medicamentos genéricos entre 2002 e 2012. Para tanto, foram utilizados dados de dois estudos transversais de base populacional realizados em 2002 e 2012. Observou-se aumento significativo da prevalência de utilização de genéricos no período de 10 anos (de 3,6% 2002 para 26,1% em 2012). A percepção sobre preço e qualidade desses medicamentos se manteve estável, a identificação das características que os diferenciam dos demais medicamentos melhorou (p<0,001) e o erro de classificação de medicamento similar como genérico diminuiu (p<0,001). Outra avaliação realizada foi de fatores associados a preferência pela compra de medicamentos genéricos. Para isso, foram utilizados os dados do estudo conduzido em 2012 cuja amostra foi de 2856 adultos. Este mostrou que 63,2% (IC95% 61,4% -64,9) dos entrevistados preferem comprar genéricos e que os principais fatores associados a preferência de compra foram sexo masculino (RP- razão de prevalência = 1,08; IC95% 1,03 – 1,14), idade entre 20-39 anos (RP = 1,10; IC95% 1,02 – 1,20), baixo nível socioeconômico (RP = 1,15; IC95% 1,03 – 1,28) e bom conhecimento sobre os medicamentos genéricos (RP = 4,66; IC95% 2,89 – 7,52). Esta tese também revisou a qualidade e impacto de intervenções para promover o uso de medicamentos genéricos. Dentre os estudos analisados, as intervenções mais utilizadas foram as intervenções educacionais, porém cabe ressaltar a escassez de estudos com metodologia robusta para avaliação de impacto das mesmas. Em síntese, esta tese aponta os avanços da política de medicamentos genéricos, possibilitando o maior acesso a medicamentos, mas esta política pode ser expandida, especialmente levando em consideração que conhecimento e percepção positiva sobre genéricos são fatores importantes para a escolha deste medicamento. Para isso, campanhas educativas para incentivar a prescrição usando Denominação Comum Brasileira parece ser a melhor estratégia.