Modelagem de distribuição de espécies para aves campestres ameaçadas de extinção

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Marcon, Amanda Perin
Orientador(a): Dias, Rafael Antunes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal
Departamento: Instituto de Biologia
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/8040
Resumo: O Déficit Wallaceano, em que a distribuição dos organismos não é completamente conhecida, limita a conservação de espécies ameaçadas, de distribuição restrita e/ou migratórias. Mudanças climáticas ao longo do tempo, naturais ou antrópicas, aliadas a alterações no habitat, pressionam a biodiversidade a adaptar-se à novas condições, especialmente espécies migratórias, que ocupam diferentes locais em distintos períodos. A Modelagem de Distribuição de Espécies para distribuições passadas, presente e futuras, e os modelos de ocupância, que estimam quando uma espécie se encontra em dado local, podem auxiliar a reduzir o Déficit Wallaceano utilizando ocorrências oriundas da literatura, museus e ciência cidadã. O objetivo do primeiro artigo foi esclarecer de que maneira o caboclinho-de-papo-branco, uma ave campestre migratória ameaçada cujas áreas de reprodução e invernada são pouco conhecidas, distribui-se ao longo do ano e inferir possíveis rotas migratórias usando modelos mensais de ocupância para 11 localidades. O segundo artigo avançou os estudos com essa espécie, modelando a distribuição potencial para suas áreas reprodutiva e de invernada. O terceiro artigo objetivou modelar as distribuições potenciais passadas (Último Máximo Glacial e Holoceno Médio), presente e futuras (cenários rcp4.5, rcp6.0 e rcp8.5 para 2070) para o veste-amarela, uma ave campestre ameaçada. Para ambos, os modelos de distribuição potencial foram feitos com MaxEnt, utilizando variáveis bioclimáticas obtidas na base WorldClim. Os resultados para os artigos do caboclinho-de-papo-branco mostram que 1) entre outubro-março, a espécie ocupa desde o noroeste argentino ao sul do Uruguai na época reprodutiva, 2) migra seguindo os rios Paraná e Paraguai até o Brasil Central entre fevereiro-abril, 3) seguindo temperaturas similares entre as áreas reprodutivas e de invernada, 4) inverna entre maio-agosto no Cerrado do centro-oeste brasileiro, 5) parte da população desloca-se para o leste do Cerrado brasileiro (setembro-novembro) e 6) aparentemente retorna a oeste (outubro-novembro), de onde migra ao sul. Os resultados do terceiro artigo apontam que 1) durante o Último Máximo Glacial, o vesteamarela ocupou áreas ao norte de sua distribuição atual (oeste e leste do Rio Grande do Sul no Brasil, e Misiones no Paraguai) devido às baixas temperaturas e chuvas do sul, 2) no Holoceno Médio, com clima mais quente, sua distribuição expandiu-se ao sul (sul do Rio Grande do Sul, costa do Uruguai e costa norte de Buenos Aires), 3) hoje habita as mesmas áreas de forma mais restrita, e 4) em todos os cenários futuros a espécie perderá área adequada, especialmente ao sul. Futuras ações conservacionistas para ambas as espécies devem enfocar nas áreas apontadas como adequadas. Encoraja-se novas abordagens de modelagem para ambas as espécies conforme novas ocorrências forem disponibilizadas, além do incentivo a ciência cidadã para obter-se mais informações para locais com poucos registros.