Ética e condições de objetividade em Hilary Putnam

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Vargas, Alexandre Xavier
Orientador(a): Chagas, Flávia Carvalho
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Filosofia
Departamento: Instituto de Filosofia, Sociologia e Política
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/8783
Resumo: A partir de uma reconstrução de parte da história da ética, Hilary Putnam argumenta em favor de que a complexa relação entre normatividade e descrição do mundo sugere que estas noções não permitem um tratamento inteiramente separado. Consequentemente, ele rejeita a conclusão, defendida pelos positivistas lógicos, de que a discussão de questões éticas se encontraria fora do campo da discussão racional, dando com isso um passo importante na defesa de que juízos éticos podem ser discutidos objetivamente. A tese sustentada por este autor de que se verifica, na prática, um fenômeno de entrelaçamento entre fatos e valores abre caminho para a possibilidade de uma compreensão mais flexível do próprio conceito de objetividade na ética. Todavia, uma fundamentação sólida da ideia de validade objetiva para o discurso ético requer, ainda, uma compreensão ampla acerca da objetividade em geral. Putnam propõe a noção de objetividade sem objetos, que sustenta que o conceito de objetividade não depende necessariamente da correspondência ou descrição de quaisquer objetos, sejam eles objetos físicos ou entidades intangíveis. Em vez disso, a objetividade sem objetos sustenta que a validade objetiva toma como referência um “corpo de crenças, conceitos e conexões conceituais que nós aceitamos”. Esta concepção sustenta que nós sempre raciocinamos a partir de um corpo de crenças e conceitos, sendo decisivo para a justificação da validade objetiva de uma sentença ética (ou de outro tipo) um padrão de correção que envolva conexões conceituais compatíveis com uma imagem coerente do mundo. Tal imagem toma por base o estado atual de nossos conhecimentos em diversas áreas, embora estes conhecimentos sejam sempre concebidos falibilisticamente. Ao longo do presente trabalho, argumentamos que, uma vez combinada com a rejeição de uma dicotomia fundamental entre fatos e valores, a noção de objetividade sem objetos pode cumprir o papel de compreensão geral acerca da objetividade e, portanto, contribui para um projeto de fundamentação de condições de validade objetiva para o discurso ético. Defendemos que a coordenação desses elementos permite o suporte a uma concepção de ética centrada em problemas práticos, que deixam de lado considerações ontologicamente inflacionadas, de modo que os problemas éticos podem ser, em geral, compreendidos como problemas que pressupõem um tempo e um lugar. Em certo sentido, eles são problemas que estão sempre conectados a um determinado contexto. Nós argumentamos que tal concepção dos problemas éticos não se afasta de critérios gerais de correção e verdade, permitindo um discurso capaz de sustentar pretensões legítimas de validade objetiva para sentenças éticas e a possibilidade de mecanismos de revisão ao longo do tempo devido ao seu aspecto falibilista.