Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Vargas, Alexandre Xavier |
Orientador(a): |
Chagas, Flávia Carvalho |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pelotas
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Filosofia
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Departamento: |
Instituto de Filosofia, Sociologia e Politica
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/5069
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Resumo: |
Um dos maiores e mais engenhosos obstáculos à pretensão de objetividade na ética é a ideia do que hoje conhecemos como dicotomia fato/valor. Embora seja amplamente aceito que sua origem remeta a Hume, seu desenvolvimento tornou-se significativamente mais denso nas teses dos positivistas lógicos. Esses pensadores promoveram de modo bastante sofisticado a ideia de que aquelas noções valorativas próprias da ética normativa não corresponderiam a quaisquer “fatos” e, portanto, não poderiam de modo algum ser objeto de correção objetiva. Sendo assim, parece claro que qualquer pretensão de objetividade na ética precisa lidar adequadamente com esse problema. No presente trabalho, procuramos oferecer um estudo acerca da posição de um conhecido defensor da objetividade dos juízos morais e crítico da dicotomia fato/valor, Hilary Putnam. A tese geral que constitui o objeto do presente trabalho é aquela sustentada por Putnam de que o raciocínio de tipo normativo sempre esteve presente nas próprias bases de toda a atividade racional. Segundo Putnam, a dicotomia fato/valor simplesmente “corrompeu” nosso pensamento sobre questões éticas e sobre a descrição do mundo, de modo que se faz necessário mostrar, a fim de remover esse obstáculo ao caráter objetivo da ética, como tal dicotomia constitui um erro sustentado por uma concepção limitada de linguagem e racionalidade influenciada pelas teses dos positivistas lógicos. A estratégia de exposição aqui adotada consiste na análise dos principais tópicos que compõem o ataque de Putnam à dicotomia fato/valor que, segundo entendemos, converte-se também em uma argumentação coerente com a defesa da possibilidade de validade objetiva da ética. Nossa estratégia está divida em três partes: Na primeira procuramos caracterizar o modo como Putnam parece compreender o problema da dicotomia fato/valor enquanto algo dependente de uma outra distinção filosófica, a saber, a separação entre juízos analíticos e juízos sintéticos. A partir dessa caracterização, buscamos analisar a tese sustentada por Putnam de que os positivistas lógicos teriam elevado a distinção analítico/sintético à condição de uma dicotomia onipresente, gerando assim uma versão da dicotomia fato/valor que expulsa as questões da ética do domínio da discussão racional. Na segunda parte, tratamos da tese positiva de Putnam quanto à questão fato/valor: a ideia de que há na prática um fenômeno de “entrelaçamento de fatos e valores”. Começamos por apresentar uma breve reconstrução da crítica de Quine à distinção analítico/sintético relacionando com a argumentação de Putnam de que tal crítica remove os fundamentos da própria dicotomia fato/valor abrindo caminho para que esta seja desqualificada de modo similar. Passamos então à análise da posição de Putnam quanto aos chamados “conceitos éticos espessos”, onde o autor vê a expressão da tese do entrelaçamento fato/valor, de modo que tais conceitos constituem contraexemplos à própria dicotomia fato/valor. Ainda na segunda parte tecemos algumas considerações quanto à noção de “valor” em Putnam, enfatizando o modo como tal noção não se limita apenas à ética, mas desempenha o papel de pressuposto em qualquer atividade racional, incluindo a própria ciência. Na última parte procuramos examinar qual seria a contribuição positiva de Putnam para a ética. Argumentamos aqui que apesar de não possuir algo que se possa chamar a rigor de uma teoria moral, Putnam propõe uma concepção moral profundamente influenciada pela tradição do pragmatismo americano, sobretudo por Dewey. Buscando, em conexão coerente com a proposta de superação da dicotomia fato/valor, apresentar uma noção de objetividade peculiar (algo que envolve aquilo que ele chama de objetividade sem objetos), que se pretende como algo que evita os extremos do relativismo e do realismo metafísico. |