Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Santos, Magda Gisela Cruz dos |
Orientador(a): |
Paludo, Conceição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pelotas
|
Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Educação
|
Departamento: |
Faculdade de Educação
|
País: |
Brasil
|
Palavras-chave em Português: |
|
Área do conhecimento CNPq: |
|
Link de acesso: |
http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/5602
|
Resumo: |
A formação dos trabalhadores do campo proposta pelo Estado brasileiro, até os anos 1980, vinculou-se, predominantemente, aos interesses das oligarquias agrárias. A Educação Rural ou ruralismo pedagógico, como ficou conhecida, objetivava a adaptação psicofísica (GRAMSCI, 2001) dos trabalhadores ao modo de produção. Com a crescente organização dos movimentos sociais populares, consolidou-se nos anos 1990 uma nova perspectiva de formação dos trabalhadores do campo, a Educação do Campo (CALDART, 2009). Articulada a um novo projeto de desenvolvimento da sociedade, a Educação do Campo configurou uma concepção de formação que visa romper com os processos de adaptação psicofísica, pois, se articula aos interesses dos trabalhadores na perspectiva da emancipação humana (MARX, 2009). Desde o início dos anos 2000, com a consolidação do projeto neodesenvolvimentista, o Estado brasileiro tem contemplado demandas dos movimentos sociais populares do campo em suas políticas educacionais. Com o objetivo de avaliar esse processo, investigamos a proposta de formação dos trabalhadores apresentada pelo Estado brasileiro nos documentos de suas políticas de Educação do Campo do período neodesenvolvimentista (2001-2016). Com base na perspectiva teórico-metodológica do Materialismo Histórico Dialético (PALUDO; VITÓRIA, 2014), realizamos a análise documental do conjunto de documentos oficiais referentes à política de Educação do Campo (2001-2016) e dos principais programas de desenvolvimento voltados ao campo nesse período, além da revisão bibliográfica e da investigação de dados estatísticos sobre a questão agrária brasileira. Os resultados da pesquisa evidenciaram que a proposta do Estado para a formação dos trabalhadores do campo no período neodesenvolvimentista configurou o que denominamos de ‘neoruralismo pedagógico’, uma perspectiva de formação que não se confunde com o ruralismo pedagógico, pois não visa promover uma formação rígida e restrita ao modelo produtivista, tampouco se confunde com a concepção de formação da Educação do Campo, visto que não rompe com os limites da adaptação psicofísica dos trabalhadores. O ‘neoruralismo pedagógico’ é uma perspectiva de formação que tem por objetivo central a adequação da força de trabalho e dos territórios locais às novas demandas do processo de reestruturação produtiva. Para isso, reconfigura a proposta de adaptação psicofísica dos trabalhadores de acordo com os objetivos da formação flexível. Assim, em um duplo movimento, o Estado brasileiro, no período neodesenvolvimentista, combinou em suas políticas de Educação do Campo demandas dos movimentos sociais populares com os objetivos da acumulação flexível do capital, produzindo o falso consenso que é a base da ‘pedagogia da hegemonia’ (NEVES, 2005). Ao explicitar as contradições da formação dos trabalhadores do campo proposta pelo Estado, evidenciamos a necessidade de que os movimentos sociais populares fortaleçam sua atuação em rede, como forma de contrapor efetivamente a hegemonia dos grupos ligados aos interesses do capital. Com isso, não pretendemos desconsiderar a importância das políticas públicas na consolidação de direitos, mas sim contribuir para evidenciar as possíveis alternativas de ‘resistência ativa’ (MARTINS, 2017), que garantam o protagonismo dos movimentos sociais populares na efetivação da formação que interessa aos trabalhadores. |