Ser estudante sendo docente: por que os docentes se qualificam?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Moraes, Maria Laura Brenner de
Orientador(a): Ferreira, Márcia Ondina Vieira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/7849
Resumo: Inúmeras exigências, expectativas e mudanças vêm sendo colocadas ao trabalho docente e escolar. O professorado tem sido alvo de uma série de tensões e conflitos, que chegam, até mesmo, a comprometer seu desempenho profissional. De um lado, sente-se compromissado com o ensino e a aprendizagem dos alunos; de outro, submete-se às constantes exigências das políticas públicas em educação. Muitas dessas políticas acabam exigindo dos(as) professores(as) mais esforços para cumprir dignamente sua função. Nesse sentido, este estudo analisa os motivos que levam os docentes a buscar qualificação para o exercício do seu trabalho, a partir de narrativas orais de professoras da Educação Básica, que vivenciam a dupla experiência: docência e formação profissional, em cursos de formação inicial de professores. Tais cursos são oferecidos por uma Universidade particular e comunitária, em dois municípios localizados na zona sul do estado do Rio Grande do Sul ¾ Pelotas e Canguçu. Como referência básica, toma-se a análise de Karl Marx sobre as relações sociais estabelecidas no interior do modo de produção capitalista (1981; 1982; 1989) e os estudos de Lüdke; Boing (2004), Oliveira (2004, 2005), Sampaio; Marin (2004), Vieira (2004), como também os de Apple (1987), Ball (1994, 2001, 2005), Bonafé (1999), Esteve (1995), Hargreaves (1998), Huberman (1995) e Lawn (2001), sobre a natureza das reformas educacionais e mudanças no trabalho docente, Os dados, aqui disponíveis, foram coletados, basicamente, a partir de dois tipos de fontes: questionários individuais, aplicados ao universo de docentes/estudantes regularmente matriculado em duas turmas dos referidos cursos, e entrevistas realizadas com uma pequena amostra de docentes/estudantes, escolhida em função das suas trajetórias e particularidades na ocupação docente, o que permitiu maior aprofundamento dos objetivos da pesquisa, quais sejam: investigar o que incita, motiva professores/as a se qualificarem para o exercício do trabalho docente; examinar como os(as) docentes vêm respondendo as demandas impostas pela dupla experiência: docência e formação profissional. Neste estudo, foram consideradas docentes em busca de qualificação profissional, as que já exerciam trabalho docente, antes mesmo de ingressarem nos cursos de formação inicial, sendo este ingresso representativo de uma iniciativa de qualificação profissional. A pesquisa empírica mostrou que, embora as docentes/estudantes não se considerem desqualificadas para exercerem seu trabalho, ingressam em cursos de formação inicial devido à naturalização da desqualificação do professorado, promovida pelas políticas reformadoras aplicadas no Brasil e nos demais países latino-americanos, desde os anos 90. Por conta desta naturalização, empenham-se em se adequar às novas exigências formativas. Esta iniciativa, decorrente de outras causas e não de necessidades sentidas desde a experiência docente, evidenciou-se, na maioria dos casos, como mais uma forma de intensificação do trabalho docente, evidenciando que os tempos dedicados para a formação profissional, assim como para a organização da vida privada, dos lazeres e do descanso, são dependentes do tempo disponibilizado para o trabalho.