O Teto de vidro na universidade pública federal brasileira: relatos de reitoras

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Hubner, Cristiane Medianeira Canabarro Flores
Orientador(a): Mello, Simone Portella Teixeira de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação Profissional em Administração Pública em Rede Nacional – PROFIAP
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/handle/prefix/14484
Resumo: Embora os avanços na pauta da desigualdade de gênero e sua crescente visibilidade na mídia e no debate público sejam inegáveis, ainda vivemos em uma sociedade onde a igualdade entre homens e mulheres não é plena. A participação feminina nos espaços de poder permanece limitada, persistindo a hegemonia masculina no topo das organizações. Essa desigualdade relativa ao gênero e ao acesso das mulheres aos altos cargos hierárquicos é definido por Steil (1997) como o fenômeno teto de vidro, sendo uma barreira sutil e transparente, mas forte o suficiente para impossibilitar a ascensão de mulheres aos níveis mais elevados nas organizações unicamente em função do gênero. Nesse contexto, partiu-se do questionamento de como as mulheres que alcançaram os mais altos cargos nas Universidades Públicas Federais Brasileiras (cargo de Reitoras) percebem as barreiras do fenômeno em suas carreiras e na ascensão ao cargo. O estudo investigou o teto de vidro nessas instituições, buscando, a partir de seus relatos, entender a percepção quanto à existência dessa barreira em suas trajetórias. Para alcançar o objetivo principal do estudo, buscou-se identificar as principais barreiras vivenciadas pelas reitoras nas suas carreiras; investigar se os fatores que constituem o teto de vidro afetaram o desenvolvimento de suas carreiras; descrever como elas perceberam e enfrentaram o fenômeno e indicar ações que possam reduzir os seus efeitos no ambiente universitário. Metodologicamente, a pesquisa, de natureza qualitativa, baseou-se em entrevistas semiestruturadas conduzidas via webconf. A análise das entrevistas revelou que as gestoras têm amor pela profissão e dedicam grande parte de suas vidas aos estudos e à carreira. O apoio familiar foi identificado como um fator crucial em suas trajetórias. Entretanto, essas mulheres enfrentaram inúmeras dificuldades relacionadas ao gênero, como os desafios da maternidade, relações conjugais instáveis e a discriminação de gênero. O estudo também destacou a falsa ideia de equidade associada à carreira pública, a discriminação de gênero está enraizada no setor público, manifestando-se por meio de comentários depreciativos sobre a capacidade de liderança feminina. Outro ponto revelado pela pesquisa foi a sobrecarga causada pela dupla jornada de trabalho e a dificuldade de equilíbrio entre vida pessoal e profissional, gerando dilemas pessoais, muitas vezes acompanhados de culpa. Mediante as sugestões das reitoras, a pesquisa apresentou ações que podem mitigar as barreiras enfrentadas por mulheres em cargos de liderança, incluindo: o incentivo à sororidade, a valorização da liderança feminina e a inclusão de critérios de seleção que promovam o equilíbrio de gênero. Como proposta de intervenção, o estudo sugeriu a implementação de uma resolução que estabelece a igualdade de gênero na ocupação dos cargos de Direção, almejando além de corrigir desigualdades históricas, servir como um marco no combate ao sexismo existente na sociedade e também percebido nas universidades.