Prostituição e subversão: notas para repensar o desvio e as sexualidades desviantes.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Lima, Leandro Barcelos de
Orientador(a): Gill, Lorena Almeida
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Sociologia
Departamento: Instituto de Filosofia, Sociologia e Politica
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/5292
Resumo: A análise do desvio social e dos efeitos do estigma, tem se constituído como uma ferramenta teórica de importância singular para se compreender a dinâmica social contemporânea, sobretudo, no que diz respeito às formas como o poder é mobilizado para, através da imposição de símbolos, rótulos e identidades, atestar a normalidade do sujeito ou, ao contrário, denunciar sua patologia. Em geral, o argumento é de que há, em todos os sujeitos rotulados como anormais, uma essência, uma natureza intrínseca que os motiva a cometerem ações ou omissões que deturpam as normas e códigos implicados no regramento social. Essa tese tem ainda mais força quando se refere à sexualidade da população. Desde o final do século XVIII, com a emergência da biopolítica e seus mecanismos de normalização, a análise das condutas sexuais dos indivíduos, submetidas aos discursos da Scientia sexualis e seus padrões compulsoriamente construídos e instituídos como legítimos, se configura como principal mecanismo garantidor de inteligibilidade social e política nas sociedades. Tendo como pano de fundo esse quadro rígido, essa pesquisa procurou oferecer subsídios teóricos a práticos para que o desvio social e as sexualidades desviantes fossem, à luz da analítica do poder de Michel Foucault, repensados e ressignificados. Primeiramente, a análise teórica mostrou as fragilidades e lacunas implicadas no conceito de desvio, bem como a contingência e precariedade da matriz sexual hegemônica que, a todo instante, defendem o corpo como receptáculo de moral e verdades universais. Na sequência, a pesquisa empírica, realizada com mulheres que se prostituem, reiterou a crítica iniciada na análise teórica e, desta forma, demonstrou, através da análise dessa categoria socialmente estigmatizada, a arbitrariedade associada a qualquer sistema que, baseado num modelo de sexualidade rígido e pré-determinado, tente hierarquizar condutas sexuais e formas de se buscar o prazer.