Efeito sazonal da contaminação por aflatoxinas B 1 e M 1 em propriedades leiteiras na região Sul do Rio Grande do Sul, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Freitas, Cristina Hallal
Orientador(a): Nascente, Patrícia da Silva
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Parasitologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/handle/prefix/14158
Resumo: Aflatoxinas são substâncias tóxicas produzidas pelo metabolismo secundário de algumas espécies fúngicas como Aspergillus flavus, A. parasiticus e A. nomius, que contaminam produtos agrícolas bastante utilizados na alimentação humana e animal. Entre esses contaminantes estão as aflatoxinas B 1 (AFB 1 ), B 2 (AFB 2 ), G 1 (AFG 1 ) e G 2 (AFG 2 ). A aflatoxina M 1 (AFM 1 ) é um metabólito hidroxilado da AFB 1 e pode ser encontrada no leite proveniente de animais que ingeriram ração contaminada com AFB 1 , tornando-se um risco para saúde humana uma vez que apresenta propriedades mutagênicas, teratogênicas e cancerígenas. O objetivo do trabalho foi avaliar a presença de AFB 1 , AFB 2 , AFG 1 e AFG 2 em amostras de ração para animais produtores de leite e de AFB 1 e AFM 1 em leite cru, analisando o efeito sazonal, além de estimar a exposição humana à aflatoxinas de acordo com a estimativa da ingestão diária através do leite. As amostras de rações foram coletadas em uma propriedade leiteira localizada na região Sul do Rio Grande do Sul, Brasil, em quatro ocasiões referentes às diferentes estações do ano. Em cada uma, amostras de leite foram coletadas individualmente de cada animal, totalizando 73 amostras (inverno, n= 15; primavera, n= 20; verão n= 16; outono, n= 22). Em outras propriedades, também localizadas na região Sul do RS, amostras de leite cru foram coletadas do tanque de refrigeração (n= 23). As amostras de rações foram encaminhadas para o Instituto SAMITEC (Soluções Analíticas, Microbiológicas e Tecnológicas) para análise da ocorrência de AFB 1 , AFB 2 , AFG 1 e AFG 2 por cromatografia líquida acoplada a espectometria de massas. As micotoxinas do leite foram extraídas pelo método de QuEChERS e quantificadas por cromatografia líquida de alta eficiência com detector de fluorescência. A partir dos dados de contaminação por aflatoxinas nas amostras de leite obtidas nesse trabalho, foi aval iada a exposição da população através da ingestão do leite. A AFB 1 foi encontrada nas rações coletadas no verão, outono e inverno, em níveis iguais a 1,0, 1,0 e 1,6 µg kg -1 , respectivamente, e as demais aflatoxinas não foram detecta- das. Na amostra referente a primavera, não havia contaminação. Aproximadamente 95% das amostras de leite (individual e tanque) estavam contaminadas com AFM 1 , em níveis que variaram de 0,2 a 1,47 µg L -1 , ultrapassando o limite legislado no Brasil para presença dessa aflatoxina no leite (0,5 µg kg ). A maior média de contaminação por AFM 1 das amostras de leite coletadas individualmente de cada animal foi encontrada no inverno (1,0 µg L -1 ), enquanto que a concentração média nas demais estações foi em torno de 0,5 µg L . AFB 1 foi encontrada em 6% (n= 6) do total de amostras de leite, em concentrações que variaram de 0,09 a 0,37 µg L -1 . Com base no nível médio de contaminação por AFM 1 das amostras coletadas dos tanques de refrigeração (0,63 µg L ), a estimativa da ingestão diária dessa toxina foi de 3,0 e 10,0 ng/pessoa para adultos e crianças, respectivamente. Esses resultados atentam para o risco à saúde relacionado ao leite, principalmente em relação às crianças, que consomem -1 -1 -1 grande quantidade desse produto e apresentam maior suscetibilidade à contaminações, destacando-se, assim, a importância do controle da contaminação dos produtos agrícolas destinados à alimentação animal por fungos toxigênicos a fim de evitar a produção de aflatoxinas.