A restauração participativa como metodologia de preservação do patrimônio cultural: um estudo relacional entre Brasil e França

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Rodrighiero, Juliana Cavalheiro
Orientador(a): Ferreira, Maria Letícia Mazzucchi
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/handle/prefix/12471
Resumo: Esta tese busca ressignificar a noção de restauração apresentando o conceito de restauração participativa como uma metodologia de preservação do patrimônio cultural, por meio de um estudo relacional entre os contextos Brasil e França. Esta pesquisa se origina de diversas lacunas que permeiam em torno da participação social. Participar no âmbito patrimonial representa estar integrado, fazer parte e compartilhar, sejam ideias, experiências, saberes-fazeres ou intenções em prol de um principal objetivo: a salvaguarda do patrimônio cultural para esta geração e para as próximas. As práticas participativas, geralmente, são incentivadas por meio de políticas participativas que proporcionam reuniões, conferências e um contato direto entre gestores e o público interessado, ou seja, um compartilhamento de ideias. Mediante exemplos práticos, se busca identificar diferentes parâmetros, modalidades e categorias participativas. Para o desenvolvimento destas análises, foi utilizado como metodologia o método histórico, que conduziu esta pesquisa de modo a compreender todas as ações ocorridas no passado e, o principal instrumento de análise foi a realização de entrevistas com os atores-chaves, que direcionaram as suas participações em cada objeto de estudo. Todas as informações coletadas nas fontes orais foram cruzadas com os documentos e as bibliografias utilizadas. Como resultado, foi possível atribuir pelo menos seis categorias da restauração participativa, sendo, no Brasil: a restauração participativa provocada — na Praça da Alfandega (Porto Alegre/Brasil); a restauração participativa voluntária — a Antiga Igreja de São Miguel (Dois Irmãos/Brasil), e a Antiga Escola Militar (Rio Pardo/Brasil); a restauração participativa de fato — Terreiro Omo Ilê Agboulá (Itaparica/Brasil). Na França, foi possível observar: a restauração participativa concedida — Cité Internationale de la Gastronomie et du Vin (Dijon/França); a restauração participativa por mecenato — quadro “La Descente de Croix” (Gissey-sous-Flavigny/ França), e estatua “Saint-Jean” (Saint-Omer/França); a restauração participativa em rede — no Castelo Pontus de Tyard (Bissey-sur-Fley/França). Por meio das análises desenvolvidas, foi possível identificar os principais participantes categorizados por grupo de interessados ou stakeholders, sendo eles, o agenciador (geralmente o poder público), o quadro técnico, o investidor, a comunidade local e a comunidade em geral. Desta forma, todas as ações participativas, em suma, foram observadas nas diferentes etapas da restauração, permeando entre a pesquisa e identificação, consulta prévia ou préprojeto, a elaboração do projeto, a busca pelo financiamento, a participação na intervenção da restauração e, por fim, na pós-restauração. No que se refere às motivações, foi possível identificar pelo menos cinco indicadores que impulsionaram a participação social, sendo eles: o território e o contexto — político, social e 11 econômico; o reconhecimento do patrimônio — significado cultural; as conexões afetivas — emoção patrimonial, memórias (social, individual e coletiva), identidade e coesão social; os valores projetados (individuais e coletivos); pós-restauração (função, uso e retorno). Por fim, através dos dados levantados se busca apresentar a restauração participativa como uma metodologia de preservação do patrimônio de modo a orientar gestores, associações e instituições a fim de tornar os processos de restauração inclusivos, na medida do possível.