Os movimentos de participação construídos por e entre bebês e crianças maiores em uma turma de berçário.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Löffler, Daliana
Orientador(a): Delgado, Ana Cristina Coll
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/5588
Resumo: Esta tese trata de uma pesquisa de inspiração etnográfica com bebês realizada em uma turma de berçário da Unidade de Educação Infantil Ipê Amarelo em Santa Maria/RS, com 10 bebês de 1 ano e 2 meses a 2 anos e 4 meses (agosto de 2017) e consiste na defesa de que os movimentos de participação dos bebês no cotidiano da escola infantil carregam consigo traços das culturas infantis, e são oportunidades de modificar a prática educativa. O objetivo geral foi analisar como os bebês vivenciam os movimentos de participação construídos por e entre eles e com as crianças maiores em uma turma de berçário, na escola infantil. Considerando que movimentos de participação dos bebês podem estar ou não relacionados a duas dimensões, isto é, as relações entre bebês, dos bebês com outras crianças ou bebês com os adultos (profissionais da escola infantil, famílias e demais pessoas que a frequentam ou visitam) e a organização da escola infantil, traçou-se como objetivos específicos: analisar como vem sendo entendida/discutida a questão de participação dos bebês nas pesquisas acadêmicas; analisar os movimentos de participação dos bebês entre si, com as crianças maiores e com adultos; identificar quais são os limites da participação dos bebês na organização da escola infantil e refletir sobre o que acontece com os movimentos de participação iniciados pelos bebês no cotidiano da escola infantil. Os dados foram gerados a partir da observação, registros em imagem e notas de campo que, ao serem trabalhadas, constituíram o Diário Descritivo Narrativo contendo as imagens, as descrições e narrações do que havia sido vivido com os bebês em cada dia de observação. Os dados contidos no Diário foram submetidos a um processo de análise interpretativa (GRAUE; WALSH, 2003) a partir da qual foram sendo construídas as dimensões de análise relacionadas às brincadeiras, ao acolhimento e às mudanças nas práticas educativas. A metáfora da teia global sobre a cultura de pares (CORSARO, 2011) serviu de inspiração para visualizar os movimentos de participação dos bebês e os atravessamentos sofridos por elementos da vida cotidiana, práticas educativas e pelas questões de direito. Os aspectos teóricos do campo dos Estudos da Infância e da Criança, principalmente as contribuições da Sociologia da Infância, Antropologia da Criança e Psicologia Cultural, além de autores da História da Infância e da Educação articulam-se e relacionam-se na composição de referências necessárias e importantes para se pensar o tema da participação dos bebês na escola infantil. Por meio das análises, foi possível perceber que, do ponto de vista das pesquisas acadêmicas, é necessário ampliar os estudos na área da educação, tendo o ponto de vista das crianças sobre os aspectos investigados especialmente quando nos referimos aos bebês, uma vez que, por estarem as instituições infantis, merecem ter a suas vozes ouvidas. Do ponto de vista do vivido com os bebês, os movimentos de participação construídos nas relações diárias dos bebês entre si, com as crianças maiores e também com os adultos são vivenciados de maneiras distintas e peculiares por cada um deles, apresentando traços das culturas infantis e sofrendo atravessamentos de diferentes ordens que ora limitam e ora possibilitam tais movimentos. Portanto, foi possível identificar que a maneira como os espaços de brincadeira são organizados e o modo como as adultas interferem nas ações dos bebês são fatores que podem limitar ou possibilitar a participação deles no cotidiano da escola infantil. A partir disso, acontece que os bebês, de uma maneira ou de outra, participam de inúmeras situações no cotidiano da escola infantil, modificando a prática educativa e proporcionando desafios acerca de construir uma nova cultura adulta, capaz de observar, compreender e apreender seus modos de participação.