Subjetivações em meio à vida universitária: aprender inventivo num tempo de escrileituras.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Osorio, Lisandra Berni
Orientador(a): Rodrigues, Carla Gonçalves
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pelotas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/7864
Resumo: Este estudo teve como objetivo capturar modos de subjetivações em interface com o aprender que se circunscreve em meio à vida no ambiente universitário. Para além de critérios avaliativos e paradigmas psicológicos, buscou-se a temática do aprender sob o viés das Filosofias da Diferença, perpassando pelo escopo da inventividade (KASTRUP, 2007). Nessa direção, encontrou-se, em Deleuze (2000; 2010b), a ideia de que o pensamento produz uma diferença quando é coagido pelo encontro com os signos que o forçam, desdobrando, daí, algo que lhe confira novo sentido. Partiu-se de um contexto educacional que se encontra em constante mudança diante do aumento demográfico e sociocultural, face às novas formas de ingresso no ensino superior, nos últimos anos, e no qual se constatou um crescente não aproveitamento acadêmico de bolsistas da Assistência Estudantil da Universidade Federal de Pelotas. Isso impulsionou, em um primeiro momento, a realização de análise documental (LUDKE; ANDRÉ, 1986) com 557 alunos que não atingiram a média de 70% em 2013/1. Os dados quantitativos obtidos através dos softwares EPI INFO e SPSS, utilizando-se os testes estatísticos ANOVA e Teste-t para analisar as variáveis em exposição, associando-as ao aproveitamento acadêmico, foram articulados ao método cartográfico (PASSOS; BARROS, 2014). Em um segundo momento da investigação, selecionou-se, do total de sujeitos investigados, um grupo com 12 alunos, os quais participaram de cinco oficinas com temas existenciais, a saber: liberdade, solidão, corpo, desejo e amor. Em composição cartográfica, operou-se com escrileituras (CORAZZA, 2011), coengendrando leitura e escrita sob a forma de catalisador de um aprender inventivo. Os resultados indicaram que o baixo aproveitamento acadêmico relaciona-se menos com dificuldades cognitivas e mais com contingências do contexto acadêmico, sofrimento psíquico e heterogeneidades, em que as subjetividades (GUATTARI, 2012) emergem como territórios existenciais em condições de provisoriedade. Distanciando-se de processos identitários e representacionais, o estudo demonstrou uma conjunção de desterritorializações dos universitários: alunos que ora se sentem aprisionados, reproduzindo modelos, ora traçam linhas de fuga em sua potência de agir, ora perfilam ritornelos em movimentos que estão transfigurando-se em devir. Diante das distintas geografias, variados modos de composição familiar, diferentes tipos de moradia, diversos vínculos com os cursos de graduação e com a Universidade, as singularidades estudantis ganham expressões que são transversalizadas pelos modos de ser e estar jovem, que permeiam o aprender em meio à vida. Assim, os dados quantitativos, as oficinas, as subjetivações indissociadas das aprendizagens, os rizomas da Instituição, enfim, provocaram transformações na pesquisadora, produzindo uma cartografia do desassossego que reverbera, no campo problemático, a chance de pensar outras práticas na Educação e na Clínica.