Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2009 |
Autor(a) principal: |
Nunes de Souza Neto, Epitácio |
Orientador(a): |
Felipe Rios do Nascimento, Luis |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/8423
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Resumo: |
Este estudo analisa as vivências da prostituição masculina e tem como base de análise a pesquisa etnográfica realizada no principal território de prostituição masculina do centro do Recife. Através da observação participante, conversas informais e entrevistas com Boys de programa e outros atores relevantes para compreender o fenômeno da prostituição, busquei reconstruir os processos históricos e psicossociais que levaram os homens investigados ao engajamento no trabalho sexual; analisar o processo de construção dos papéis de gênero na perspectiva dos boys de programa; verificar quais fatores (idade, performances de gênero, raça/cor, fontes privilegiadas de prazer corporal, etc.) encontram-se envolvidos no negócio do sexo. O estudo se fundamentou em teorias construcionistas da sexualidade e do gênero. A análise sugere que as relações sexuais comerciais entre homens estão estruturadas em algumas dicotomias (boy/bicha; ativo/passivo), balizadas pelo fato de alguém supostamente ser penetrado. Acontecimento que vai ganhar diferentes sentidos a partir das marcações de sexogênero e fontes privilegiadas de prazer corporal. O estudo aponta para a centralidade do ânus, no negócio do boy. Se para o boy o ato de penetrar o cliente lhe garante a supremacia de sua masculinidade, inversamente, para o cliente, o fato de penetrar o boy destitui este último da posição de macho viril e dominador. O boy de programa que é comido pelo cliente perde o status de boy e passa a ser reconhecido como frango , por se igualar aos clientes passivos. Sob o peso simbólico de significado sócioculturalmente construído, o ânus enquanto zona proibida para muitos boys de programa deve ser resguardado, a fim de garantir o reconhecimento público de sua masculinidade. Dentro dessa lógica, o homem não se tornará, ou ainda será reconhecido enquanto frango por comer outro homem, mas sim por dar para outro homem . É neste sentido que a região anal se configura enquanto símbolo de força e cobiça. No universo da prostituição masculina, o boy, muitas vezes, cobra e ganha mais para ser penetrado. Socialmente para os boys de programa, o sexo assume uma representação valorativa estabelecida e justificável pela relação de troca e ganho econômico, onde a honra, muitas vezes, parece se concentrar única e exclusivamente no ânus. Esta zona erógena, ainda que simbolicamente, apresenta-se como divisor de águas e fator determinante para as construções de identidades sobre as quais irão se desenvolver os processos estruturadores das performances de gênero que respaldarão as práticas sexuais comerciais |