Distribuição de polimorfismos de base única (SNPS) nos genes da lectina ligadora de manose (MBL2) e da beta-defensina humana 1 (DEFB1) entre pacientes com tuberculose

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Lacerda Alves da Cruz, Heidi
Orientador(a): Crovella, Sérgio
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/6815
Resumo: Fatores genéticos podem desempenhar um importante papel na susceptibilidade à tuberculose (TB), uma das doenças com maior índice de mortalidade entre as enfermidades causadas por um único agente etiológico. Esta doença infecto-contagiosa, causada pelo bacilo Mycobacterium tuberculosis, tem sido responsável pela morte de milhões de pessoas anualmente. Polimorfismos de base única (SNPs) em genes responsáveis pela imunidade inata têm sido alvo de diversos estudos e mostraram-se de grande importância na susceptibilidade a infecções. O presente trabalho teve como objetivo analisar a associação entre SNPs funcionais nos genes MBL2 e DEFB1 e a susceptibilidade à infecção promovida pelo M. tuberculosis. Foram selecionados 115 pacientes com TB e 180 adultos saudáveis provenientes da cidade do Recife, Brasil. Os SNPs localizados no gene MBL2 foram genotipados através da PCR em tempo real (qPCR), enquanto que os SNPs presentes no gene DEFB1 foram genotipados através do sequenciamento de DNA. Para o gene MBL2, foram genotipadas as regiões promotoras (H/L e X/Y), através de uma PCR alelo-específica, e o éxon 1 (A/O), através da curva de dissociação. Para o gene DEFB1, foram genotipadas as posições -52, -44 e -20 da região 5 UTR. Os SNPs foram agrupados segundo o alelo, as freqüências alélicas e genotípicas encontradas foram calculadas e comparadas entre os grupos estudados. As freqüências das variantes do MBL2 nos pacientes foram diferentes das freqüências encontradas no grupo controle. Todas as populações encontraram-se em equilíbrio de Hardy- Weinberg. Tanto o alelo L quanto o alelo O apresentaram efeito de risco para o grupo de pacientes com TB em relação aos pacientes controles. Da mesma forma, as freqüências genotípicas foram significativamente diferentes em pacientes com TB quando comparadas aos pacientes controles, com os genótipos OO e LL presentes principalmente nos doentes em relação aos indivíduos saudáveis. Para o promotor X/Y, foi observado um efeito protetor do polimorfismo, com freqüência tanto do alelo X quanto do genótipo XX para a população controle quando comparadas com o grupo de pacientes. A análise dos haplótipos revelou que os genótipos combinados responsáveis pela alta produção de MBL apresentaram-se significativamente mais freqüentes nos controles do que nos pacientes com TB. Os haplótipos para produção deficiente apresentou-se com maior freqüência nos pacientes do que nos controles. Em relação aos polimorfismos no gene DEFB1 não foram observadas diferenças significativas entre os dois grupos estudados. Apesar disso, foi observada uma tendência para que polimorfismos na posição -20 localizados na região 5 UTR estejam relacionadas com a susceptibilidade à tuberculose, principalmente na forma extrapulmonar da doença. Em conclusão, nossos resultados indicam que a presença de SNPs no gene MBL2, responsáveis pela diminuição dos níveis da proteína MBL, encontram-se associados a uma maior susceptibilidade ao bacilo da TB, representando uma molécula fundamental durante os primeiros estágios de infecção pelo M. tuberculosis. Nossos resultados mostraram que a presença de SNPs tanto na região promotora quanto no éxon 1 do MBL2 aparece como um fator de risco para a infecção, podendo ser utilizados no desenvolvimento de novos tratamentos individualizados. No entanto, o mesmo não pôde ser afirmado para HBD-1, apesar de ser uma proteína fundamental à imunidade inata, não foram encontradas associações entre polimorfismos do gene DEFB1 e a tuberculose. Vale ressaltar que este é o primeiro relato descrito na literatura que envolve um estudo de associação entre polimorfismos funcionais do DEFB1 e o seu papel na infecção e desenvolvimento da tuberculose. O papel das proteínas solúveis da imunidade inata na infecção pelo M. tuberculosis está longe de ser compreendido e o conhecimento encontra-se restrito, necessitando-se de mais informações a cerca da interação existente entre o Homem e as micobactérias como um caminho a ser percorrido visando no futuro o controle da doença