Lições de um livro anfíbio : a tradução intersemiótica em O cão sem plumas (1984), de João Cabral de Melo Neto e Maureen Bisilliat

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: CAVALCANTE, Júlia Cunha Alves
Orientador(a): ANDRADE, Fábio Cavalcante de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Letras
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/55238
Resumo: A aproximação entre a palavra e a imagem no meio artístico – tão característica da arte contemporânea – tem se intensificado desde o século XX, sobretudo a partir dos movimentos de vanguarda. É também nesse período que surgem os primeiros livros hoje chamados de foto-textuais, compostos pelas linguagens literária e fotográfica. No Brasil, uma das obras pioneiras nessa categoria é O cão sem plumas (1984), livro composto pelo poema homônimo de João Cabral de Melo Neto e por fotografias de Maureen Bisilliat. Na obra híbrida, o conhecido poema de Cabral ganha novos sentidos. Para que possamos explorá-los recorreremos à Tradução Intersemiótica, campo voltado para o estudo do processo tradutório entre diferentes linguagens artísticas. Assim, o objetivo geral desta dissertação é analisar, em O cão sem plumas, de João Cabral de Melo Neto, com fotografias de Maureen Bisilliat, como esta, através do seu processo de tradução intersemiótica fotográfica, cria um novo universo a partir do universo presente nos versos cabralinos. Para tanto, nesta pesquisa qualitativa de cunho bibliográfico, iremos nos basear nos estudos dos seguintes autores: Oliveira (2017), Lampert (2015) e Chiocchetti (2019), acerca do livro foto-textual; Valéry ([1957] 1991) e Cabral (1997), Dubois ([1990] 2012) e Barthes ([1980] 2018), em torno da poesia e da fotografia respectivamente; Navas (2017), a respeito da aproximação entre as duas linguagens e, por fim, Jakobson ([1969] 2003) e, sobretudo, de Plaza (2003), acerca da tradução intersemiótica. A análise da obra nos revela que, ao traduzir o poema cabralino, Bisilliat nos aponta outras visões a seu respeito, mantendo com ele uma relação de equivalência, pautada ora por convergência, ora por divergência, mas nunca por um pleno espelhamento. Assim, a fotógrafa constrói outra narrativa, revela-nos um novo universo, protagonizado pela lama, pelo corpo feminino e por demais elementos distintos dos elementos escolhidos como protagonistas por Cabral, mas invariavelmente a eles ligados. No espaço do livro, enfim, os enigmáticos universos criados pelos autores se iluminam mutuamente e se complementam, unindo-se para compor um universo integrado, O cão sem plumas, que ambos dão a ver e a ler.