Estudo dos sinais do tempo nas estruturas urbanas e nas pessoas: um lance de olhar nas questões apresentadas a partir do bairro da Boa Vista Recife/PE

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Ricardo da Cunha Nóbrega, Pedro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/3223
Resumo: Fenômeno não mais estranho à população de países em processo de desenvolvimento, o envelhecimento suscita uma série de questionamentos que ultrapassam a dimensão do mundo vivido do agora e se estabelece como base de reflexão para a organização da vida em seus matizes futuros. Assim, a população se reconhece como um conjunto, ainda que heterogêneo, que compartilha as mesmas necessidades básicas e instrumentais e cada vez mais se preocupa com os desdobramentos acerca da sua condição de vida, pois, a qualidade de vida na velhice está diretamente vinculada ao acesso a equipamentos e instrumentos que garantam a acessibilidade aos mecanismos de reprodução da vida. Não obstante, o envelhecimento em países que apresentam uma condição histórica de pobreza e marginalização é passível de grandes preocupações, porquanto uma população envelhecida precisa estar sob os auspícios de gestores públicos que pensem em sua condição e que não reforcem o imaginário popular de fraqueza, debilidade e incapacidade que é constantemente atribuído a esse grupo. O que se reivindica com esse trabalho é a aproximação às ciências ambientais, uma vez que a discussão sobre a gestão da vida e os seus mais diversos nuances está no centro dos debates epistemológicos, em construção, no escopo dessa nova área do conhecimento, já que as discussões sobre o tema são bastante fragmentadas, com pedaços do discurso ora presente no campo das ciências sociais e da saúde, ora no âmbito da arquitetura e urbanismo e engenharias. Partindo da perspectiva que a realidade social só pode ser analisada com base em estruturas complexas, as reflexões foram iluminadas com o apoio dos pensamentos de Morin (complexidade, Interdisciplinaridade), Lefebvre (Reprodução do espaço), Milton Santos (Sistemas) e reforçadas pela leitura e interpretação de dados oriundos de fontes primárias e secundárias de pesquisa. Como recorte amostral tomar-se-á o bairro da Boa Vista na cidade do Recife, em função aos apelos imanentes ao próprio tecido urbano que exibe fragilidades em sua estrutura que necessitam ser investigadas na perspectiva do envelhecimento e por abrigar uma população que estatisticamente está em franco processo de envelhecimento. Constata-se, então, que o processo de envelhecimento vem sendo construído com base em estruturas de exclusão e abandono impossibilitando assim que a condição de vida seja respeitada. As dificuldades ainda se potencializam quando se constata que o processo de reprodução da vida está intimamente relacionado com o processo de reprodução do capital e justificado pela construção de um mundo mediado pela técnica. Percebe-se que a sociedade em processo de envelhecimento não está amparada pelo poder público, ainda mais se esses estão em condições sociais desfavorecidas, pois a estrutura do Estado não garante meios de inclusão social e não garante as necessidades instrumentais básicas. E, além disso, os espaços estão intensamente afetados pela fragmentação do seu tecido, gerando uma coleção de lugares que se encontram marginalizados das tendências de desenvolvimento e modernidade, dando condição para que o estado de obsolescência resulte em um processo de envelhecimento. A cidade com o seu conteúdo morfológico e psicossocial e a sociedade com as questões que emanam a partir da sua existência inexoravelmente vinculada ao espaço/território criam questões que precisam ser pensadas e resolvidas ambientalmente através do prisma da interdisciplinaridade, esse ambiente rico e heterônomo não pode ficar refém de visões seccionarias, pois o campo de atuação exige abordagens muito amplas e que engendram conteúdos os mais diversos, com os limites impostos pela sociedade e com os entraves apresentados por um espaço que não foi preparado para atender as necessidades desse grupo social