Aprimoramento de método com náuplios de Tisbe biminiensis (Copepoda: Hartacticoida) e sua utilização no estudo de Avaliação e Identificação da Toxicidade das águas do complexo estuarino de Suape

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: LAVORANTE, Beatriz Regina Brito de Oliveira
Orientador(a): SANTOS, Lília Pereira de Souza
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Oceanografia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
AIT
TIE
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/18858
Resumo: O Complexo Industrial Portuário-SUAPE, localizado no complexo estuarino de Suape (Pernambuco, Brasil), conta com grandes empresas das mais diversas atividades produtivas. A região possui grande importância ecológica e econômica e estudos relatam a ocorrência de modificações fisiográficas, hidrológicas e ecológicas desde a implantação de SUAPE. Segundo estudos ecotoxicológicos realizados, a área apresenta contaminação moderada e variável. Contudo, ainda não foi possível indicar quais substâncias poderiam estar relacionadas com a toxicidade das amostras ambientais. Neste sentido, o teste de Avaliação e Identificação da Toxicidade – AIT surge como uma importante ferramenta, pois permite a identificação de contaminantes potencialmente causadores da toxicidade. O emprego de um ensaio ecotoxicológico rápido com um organismo-teste sensível antes e após as manipulações de AIT é necessário para este tipo de análise. Os náuplios de copépodos, dentre estes o da espécie Tisbe biminiensis, têm sido indicados para avaliação de amostras de água marinha devido a maior sensibilidade dos estágios larvais, porém o teste normalmente é realizado em microplacas o que o torna bastante laborioso. Este trabalho teve como objetivos aprimorar um protocolo para realização de bioensaios com náuplios de T. biminiensis e avaliar sua sensibilidade usando uma substância de referência, no caso o sulfato de zinco. Posteriormente, o teste foi empregado na avaliação da toxicidade de amostras de água superficial coletadas em diferentes pontos de Suape entre os anos de 2011 e 2013. Visando aumentar a sensibilidade do método, além dos parâmetros de mortalidade, desenvolvimento e inibição, também foram avaliados tamanho e estágio de desenvolvimento dos copepoditos. Para AIT foram estudadas amostras de água superficial coletadas em Abril e Setembro de 2013, sendo realizadas análises químicas de metais, amônia, hidrocarbonetos e agrotóxicos neste último mês. O tempo de duração do teste foi definido em 72 horas. Os testes de alimentação utilizando as microalgas Chaetoceros gracilis e Thalassiosira fluviatilis com e sem adição de ração para peixe demonstraram o pior desempenho de T. fluviatilis sem adição de ração como alimento. Foi verificado que o desenvolvimento nas concentrações de C. gracilis superiores a 2,5 x 105 células mL-1 foram estatisticamente maiores do que controle (água do mar sem adição de alimento) quando na temperatura de 28°C após 72 h. Entretanto a 25°C após 72 horas, apenas a partir da concentração de 5,5 x 105 células mL-1 de C. gracilis, o desenvolvimento dos náuplios para copepoditos foi superior ao controle, indicando que a temperatura de 28°C promove maior desenvolvimento. Logo, foram definidas as seguintes condições para o teste: concentração de C. gracilis de 2,5 x 105 células mL-1 , temperatura de 28°C e um tempo de 72 h. Após os sete testes de sensibilidade foram estimadas as CE50/72h, CL50/72h e a CENO em 3,25 ± 0.59; 3,46 ± 0.72 e 2,0 mg L- 1 para o ZnSO4.7H2O, indicando que os náuplios de T. biminiensis são tão sensíveis quanto outros copépodos frequentemente empregados em estudos ecotoxicológicos. Avaliando-se amostras de água superficial coletadas na região de Suape verificou-se a presença de toxicidade sub-letal para os náuplios de T. biminiensis, mais associada ao mês de Setembro, início do período seco. Dentre os parâmetros avaliados, a inibição foi o que mais indicou toxicidade, seguido pelo desenvolvimento. Apesar da obtenção das medidas dos comprimentos total e da cabeça (geral e por estágio de copepoditos) e da frequência de estágios reduzirem a praticidade do método, em um dos pontos de coleta elas aumentaram a detecção de efeitos tóxicos. O estudo de AIT indicou que os compostos orgânicos, os metais e a amônia seriam os principais agentes causadores da toxicidade das águas de Suape, sendo os resultados da caracterização da fase I do AIT considerados bastante complexos. Nas análises químicas, os Hidrocarbonetos Aromáticos de Petróleo Dissolvidos ou Dispersos estavam em níveis subletais, os agrotóxicos não foram detectados e houve diminuição das concentrações de Fe após a macroalga Ulva sp. A adição de novos parâmetros no teste com náuplios T. biminiensis foi importante para confirmação dos resultados obtidos. A variedade de agentes tóxicos indicados pode ser atribuída à diversidade de atividades realizadas na área, às diferentes influências sofridas pelos pontos estudados e ao regime de chuvas, marés e correntes, indicando a necessidade de monitoramento e avaliação constantes das condições ambientais da região.