Onde estão os pais? : paternidade e cuidado no contexto da epidemia de Síndrome Congênita do Zika Vírus no Agreste de Pernambuco

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: CASTRO, Ricardo José de Souza
Orientador(a): FONSECA, Jorge Luiz Cardoso Lyra da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Psicologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/38082
Resumo: Essa tese tem como objetivo investigar a experiência de paternidade com homens, residentes no Agreste pernambucano, pais de crianças acometidas pela Síndrome Congênita do Zika vírus (SCZV). Trata-se de um estudo de base qualitativa e orientado teórico e metodologicamente por uma concepção feminista de gênero em psicologia social. Durante os anos de 2018 e 2019 realizamos observações sistemáticas das crianças com SCZV em Centros de Referência de Reabilitação vinculados ao Sistema Único de Saúde e também em suas casas. A pesquisa foi desenvolvida com 27 famílias, residentes nas regiões do agreste central e setentrional do estado de Pernambuco, num trabalho de campo realizado em sete meses. As experiências foram orientadas por marcadores de gênero, raça e classe social que tenderam a cristalizar as mulheres na figura de cuidadoras das crianças e os homens como provedores materiais, o que é relatado como motivo de angústia e frustração tanto nas mães como nos pais. A experiência de paternidade é marcada principalmente pela necessidade de garantir a subsistência da família na medida que as mulheres tiveram que deixar os seus trabalhos para se dedicarem integralmente as crianças. É uma experiência que gera conflitos que se expressam entre a necessidade de trabalhar e garantir o sustento de sua família e o desejo de convivência, e cuidado com seus filhos. A experiência específica de ser pai e mãe de uma criança com deficiência grave ou as implicações na dinâmica do casal foram raramente abordadas pelos serviços de saúde, ou de assistência social. As ações desenvolvidas são principalmente voltadas para a criança que precisa de terapias e cuidados especiais, mas abrangem pouco os impactos da deficiência na dinâmica das famílias e dos cuidadores e cuidadoras. Abordagens feministas e de gênero são ferramentas uteis para problematizar os lugares de quem cuida e, porque esse lugar de cuidador é, em geral, reservado as mulheres. São abordagens que podem contribuir na organização de intervenções voltadas para as famílias em que o cuidado precisa acontecer de forma integral.