Resumo: |
A presente pesquisa tem como objetivo investigar como as mães sem cônjuge coresidente organizam o tempo cotidiano mediante o acionamento e uso das redes de apoio, buscando compreender como ocorre a construção do tempo a partir do binômio trabalhofamília. Foram realizadas 21 entrevistas semi-estruturadas, gravadas e transcritas, com mães, que exercem atividade profissional remunerada, pertencentes às camadas médias da Região Metropolitana do Recife. Os arranjos residenciais incluem mulheres separadas, divorciadas, viúvas e solteiras com filho(a)s, de 10 a 39 anos. Elias (1998), Adam (1990), Bott (1976), Lins de Barros (2001) e Scott & Motta (1983)e Thompson (1984) foram os principais autores com os quais dialoguei para a construção do viés teórico desse trabalho, especialmente no que se refere ao tempo e às redes sociais. A partir da análise das entrevistas, de fichas de dados complementares e observação de campo, concluí que a questão do tempo de trabalho (doméstico e extradoméstico) ganha relevância teórica quando articulada com as diferentes formas de acionamento de redes de ajuda, o que confere à estas últimas, o poder de maximização do tempo cotidiano das mulheres entrevistadas. Esta articulação, por sua vez, possibilita a operacionalização das relações pessoais no âmbito dos espaços sociais. Nesse sentido, a organização do tempo cotidiano mediante o acionamento e uso das redes de apoio contribui para redimencionar a posição da mulher ao facilitar o trânsito entre o espaço doméstico e extradoméstico. Condição que favorece a realização profissional, porém, ressaltando a manutenção de desigualdades de gênero tradicionais e revelando novas dimensões destas desigualdades |
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