Entre silêncios, interdições e pessoalidades : uma análise racial das histórias sobre aborto no sertão

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: LIMA, Nathália Diórgenes Ferreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
UFPE
Brasil
Programa de Pos Graduacao em Psicologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/39271
Resumo: A tese tem como objetivo analisar, em uma perspectiva racial, as narrativas sobre aborto que circulam em uma cidade de médio porto do sertão pernambucano. Trata-se de uma pesquisa narrativa, circunscrita no campo epistemológico do feminismo negro e decolonial e norteada teoricamente pela discussão racial acerca da produção de conhecimento sobre aborto. A pesquisa foi realizada em um hospital geral localizado no sertão central de Pernambuco. Como estratégia metodológica principal foi utilizada a observação participante e como procedimentos secundários foram utilizadas entrevistas narrativas com mulheres que recorreram ao aborto e conversas informais com pessoas que tinham histórias para contar sobre o tema. O aborto no sertão é uma prática social ambivalente, marcada por silenciamentos, humilhações e apoios, sendo ainda ordenada pelo racismo patriarcal. As questões relativas ao anonimato e à pessoalidade das comunidades rurais, junto aos marcadores de raça, classe e gênero operam de tal forma que a prática do aborto revela as contradições de valores sociais, pois ao mesmo tempo em que é frequente e tolerada é também uma prática condenada moralmente. Longe de resultar em práticas lineares, esse processo se manifesta em três cenários principais: o cenário do aborto ilegal; o cenário do aborto legal; e a esterilização, ou seja, o encerramento da vida reprodutiva, como falsa alternativa ao aborto entre as mulheres do sertão.