Mulheres e itinerários abortivos: etnografia sobre os caminhos do misoprostol na capital norteriograndense

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Sousa, Cássia Helena Dantas
Orientador(a): Porto, Rozeli Maria
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/48403
Resumo: A presente dissertação tem por objetivo sinalizar algumas evidências relacionadas à pesquisa sobre os itinerários abortivos (PORTO, 2009; TORNQUIST, 2012) percorridos por algumas mulheres que optam pela interrupção clandestina da gestação na capital norteriograndense. A ênfase é no uso da medicação abortiva misoprostol, conhecida pelo nome comercial de Cytotec®. Foram utilizados dados de 17 (dezessete) casos de mulheres que se propuseram a ser interlocutoras da pesquisa, concedendo entrevistas, longas conversas e partilhando de escritos pessoais e correspondências sobre suas experiências abortivas. Entremeando a discussão, há também a contribuição de três agentes mediadores – vendedores, os quais também chamo de mediadores/facilitadores – para a obtenção da medicação, além da participação de mais quatro homens que fizeram parte do processo de compra desta para suas parceiras (namoradas, “ficantes” ou esposas), amigas e conhecidas. A questão central sobre a qual o texto recai é o caminho que as mulheres que desejam interromper uma gestação perfazem na tentativa de obterem os meios necessários à realização do aborto clandestino nesta capital. O foco dos aspectos trabalhados no texto abrangem desde o momento da detecção da gravidez até, por fim, a obtenção das medicações a serem administradas para provocar a interrupção, além da busca ou não por atendimento médico posterior. São contemplados analiticamente fragmentos de entrevistas dessas personagens sobre os dramas relacionados à ilegalidade da prática e aos riscos envolvidos na compra de misoprostol na cidade pesquisada, assim como, segundo amplamente constatado, a onipresença de homens na venda e no processo da busca e obtenção de medicação abortiva. No tocante ao viés metodológico, foi feito trabalho de campo no sentido de trilhar tais itinerários através de uma rede de sociabilidade da própria pesquisadora e sua experiência anterior de pesquisa de iniciação científica, o que permitiu que fossem feitos os contatos os interlocutores e interlocutoras. Tal rede resultou em uma espécie de trama na qual constata-se que há certa confluência de itinerários – isto é, abortamento inseguro com misoprostol em ambiente doméstico (a própria casa ou residência de terceiros que a cedem para este fim em segredo) ou em aparelhos de hotelaria (pousadas, hotéis, motéis, etc.) seguidos pela busca por atendimento hospitalar em unidades de saúde públicas ou privadas.