A re-mito-logização de narciso em Clarice Lispector e Nicole Brossard (a paixão segundo g.h. e le désert mauve)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2003
Autor(a) principal: da Silva Gomes, Viviane
Orientador(a): Joachim, Sébastien
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/7945
Resumo: Na intersecção entre os estudos brasileiros e canadenses, esta pesquisa procura explorar o mito de narciso nos romances A paixão segundo GH e Le Désert mauve, respectivamente de Clarice Lispector e Nicole Brossard. O enfoque teórico baseia-se principalmente na obra de Gilbert Durand As estruturas antropológicas do imaginário (2001), conhecidas pelo seu dinamismo simbólico das imagens. Serão particularmente focalizadas as vozes das minorias femininas e homossexuais. Extraímos sobretudo da teoria invocada uma prática de leitura do mito. O mito como narrativa decompõe-se em mitemas ou elementos essenciais. Através destes emergem Narciso e Eco nos romances analisados. Por exemplo, levantamos neles os seis mitemas seguintes: a metamorfose, a morte, o laço, o espelho, a inquietude no amor, a incomunicabilidade. São todos elementos dinâmicos do cenário narrativo, de sua trajetória, da circularidade do seu discurso. Veremos que as imagens que os nutrem são de índole noturna (nos termos de Gilbert Durand), em razão de um schème dominante de tipo agrolunar evidenciado pelos símbolos indicando: sacrifício, morte, túmulo. O que não se opõe à pregnância das imagens de vida e de ressurreição. A constelação das imagens denuncia também um schème eufemizante. Daí decorre um feixe de símbolos da intimidade, ou seja, de imagens de redução dos movimentos, de silêncio, de minimização, assim como da presença marcante da deusa lunar. Além desse fluxo imagístico, manifesta-se também uma simbologia diurna através das representações da luz, dos símbolos celestes, do olhar, do Deus solar, que nos introduzem a um regime diurno e polêmico do imaginário. O problema da interpretação dessas obras reside exatamente na descoberta do modo como a escritura de duas obras de contextos culturais diferentes tenta conciliar os caminhos míticos contraditórios em que se enveredem, envolvendo sobremaneiramente o mito de Narciso em seu universo