Moldar o inexpressivo:  a formação do artista em Clarice Lispector e a escrita escultórica em A Paixão Segundo G.H.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Bijotti, Mariana Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8149/tde-11112020-192248/
Resumo: Uma das tendências do romance moderno, o romance de introversão, ao explicitar os métodos de sua própria composição na narrativa, tornou evidente a figura daquele que o escreve: o artista. Na obra de Clarice Lispector vários são os protagonistas artistas: Joana, de Perto do coração selvagem, escreve poesias e brinca com as palavras desde sua infância; Virgínia, de O lustre, faz pequenas estátuas de bonecos de barro; em Água viva, a narradora é, também, pintora; Rodrigo S.M., de A hora da estrela, é um escritor; em Um sopro de vida, há um autor não nomeado, que é um escritor, e Ângela Pralini, a qual possui um maior entusiasmo pela pintura; finalmente, a narradora protagonista G.H., que é identificada como um escultora. Além disso, muitos são os textos clariceanos que versam sobre as diversas artes, desde a escrita, passando pela pintura até a escultura: em contos, crônicas e, inclusive, no papel de entrevistadora, Clarice demonstrava profundo interesse em discutir arte, procurando, nas entrevistas com artistas, saber a respeito dos seus métodos de trabalho, bem como de suas opiniões gerais sobre o tema. O foco desta dissertação se dará sobre a escultura, primeiramente investigando escritos diversos em que Clarice trata desse assunto, para culminar, enfim, no cerne desta pesquisa: A paixão segundo G.H.. A escultora G.H. parece, de alguma forma, unir sua arte primeira à arte da palavra, compondo uma espécie de \"escrita escultórica\" e, ainda, parecendo talhar \"esculturas verbais\" durante seu relato. Dessa maneira, pretende-se, aqui, percorrer alguns dos textos clariceanos que discutem as diversas artes e a figura do artista, para poder finalmente analisar com maior atenção a obra A paixão segundo G.H., procurando estabelecer relações entre a construção dessa narrativa e o desejo clariceano de \"tocar a coisa\" com as mãos, tal qual um escultor em sua atividade; demonstrando como a modalidade artística de G.H. parece ser captada pela própria forma do romance.