Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
NOGUEIRA, Jamilys Maiara da Silva |
Orientador(a): |
SIBALDO, Marcelo Amorim |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pos Graduacao em Letras
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/35988
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Resumo: |
Essa dissertação se propôs a estudar os vocativos a partir de dados de fala de uma comunidade marginalizada, como é o caso da fala gay, que por muito tempo foi desconsiderada pelos estudos da Sociolinguística tradicional. Nosso objetivo centra-se, então, na observação e descrição dos usos dos vocativos por esse grupo, assim como na observação da constituição dessa comunidade de prática. Para tanto, investigamos a fala de nove homens cis homossexuais do sertão pernambucano, cuja faixa etária é de 18-28 e o nível de instrução acadêmico é o mesmo, em três contextos de interação distintos (entrevista, conversa entre amigos, ambiente de trabalho). Analisamos, especificamente, os vocativos bicha e viado, que quando usados por uma pessoa de fora da comunidade gay são empregados, normalmente, como adjetivos pejorativos, mas quando usados pela comunidade, constituem-se em uma forma de tratamento e até recepção, indexando a segunda pessoa ao grupo, que é aberto a pessoas que não são gays, inclusive. Essa pesquisa de caráter qualitativo usa como aporte teórico-metodológico a Teoria da Variação Linguística (LABOV, 2001), lançando mão de vertentes da chamada Terceira onda dos estudos sociolinguísticos, cujo principal expoente é Eckert (2000). Dialogamos também com Butler (1990) e sua teoria da performatividade. Foram analisadas 86 sentenças em que havia ocorrência do fenômeno, somando um total de 93 vocativos. Estes se encontraram localizados em diferentes posições nas sentenças, como: i) vocativo à direita da oração (Or + Voc), ii) vocativo à esquerda da oração (Voc + Or), iii) vocativo precedido de interjeição (interj. + Voc + Or), iv) vocativo dentro da oração, no meio da oração (Or + Voc + Or) e v) duplo vocativo, localizados nas extremidades da oração, (Voc + Or + Voc). Observamos que: i) há um “diferente” tipo de ordem, referente à localização do vocativo na frase, a qual chamamos de duplo vocativo, que não é mencionada pela descrição gramatical; ii) há uma variação estilística por parte do informante quando se altera o contexto de interação; iii) o contexto de interação com amigos propicia a produtividade dos vocativos, assim como a rede social dos informantes interfere nos usos; iv) a comunidade de prática não pode ser definida apenas geograficamente; v) os vocativos bicha e viado expressam marca de identidade e/ou filiação a um grupo específico, confirmando nossa hipótese; e, por fim, vi) vemos que a identidade individual e/ou grupal é performada nos usos linguísticos que são feitos nas práticas sociais como forma de resistência e manutenção de uma identidade social. |