Teia de sincretismo: uma introdução à poética dos mangues

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Maria de Araújo Lima, Tânia
Orientador(a): Gerhard Mike Walter, Roland
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/7544
Resumo: No princípio era o mangue. Só depois é que vieram os sambaquis com suas casas de ostra e óleo de baleia. Séculos e séculos depois, os Tupinambá, os Tupi e os Guarani habitaram o litoral do manguezal brasileiro. Até que vieram os colonizadores e exploraram mangues, índios e negros. Depois veio a modernidade com seus avanços e progressivamente fomos percebendo que o desenvolvimento tecno-industrial gerava novas explorações, desintegração e poluições. Nascemos entre mangues & caranguejos em data comum como é próprio à filha de mãe operária. No arquipélago dos lençóis maranhenses, está um pedaço de nossa memória silvícola. Quando nosso pai-índio nos apresentou aos mangues, passamos a conhecer a poesia sincrética dos povos ameríndios. De lá para cá, temos escritos alguns livros de poesia falando sobre a memória dos manguezais. Esta pesquisa é um retalho acompanhando a trajetória de poemas feitos a partir da bio-diversidade dos mangais: uma teia de sincretismo que faz travessia pelas encruzilhadas dos diversos tipos de mangues. Seguimos o olhar dos poetas que se emprenharam em falar dos povos do rio-mar. Esses poetas trazem no falar uma movência híbrida do idioma popular. Do modernismo ao manguebeat, os pesquisadores do mangues têm acordado para a questão da extinção desse tipo de ecossistema. Utilizamos a metáfora dos dias para representar os capítulos e saímos com nosso barquinho inventado pelo mangue-serpente de Raul Bopp, pelo mangue-prostíbulo de Oswald e Bandeira, pelas terras dos mangues de Joaquim Cardozo, pelo mangue-cão de João Cabral, pelo mangue-caranguejo de Chico Science. Não temos um olhar uno, mas múltiplo sobre esta pesquisa. Precisamos das diversas raízes para nos estender a outros rizomas. Necessitamos muito trocar figurinhas e dialogar com outras ciências e artes, como a oceanografia, a física quântica, a geografia, a biologia, a matemática, a antropologia, a sociologia, a filosofia, a ecologia, o imaginário, a música popular brasileira, o jazz, o samba, a tropicália, o rap, o hip hop, o blues, o rock n roll, o funk, a música eletrônica, o coco, o caboclinho, o pastoril, o maracatu, o desenho animado, o circo, o cinema, o teatro, a pintura, a fotografia, o virtual. Nossa linha de pesquisa segue as entrelinhas comparadas. E nos orientamos e nos desorientamos entre Homens e caranguejos [1967], de Josué de Castro