Atividade anticolinesterásica de plantas da Caatinga com indicação popular para distúrbios do sistema nervoso

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: CASTRO, Valerium Thijan Nobre de Almeida e
Orientador(a): AMORIM, Elba Lúcia Cavalcanti de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Ciencias Farmaceuticas
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/20125
Resumo: No Brasil e no mundo há um crescimento na população de idosos e conforme as pesquisas demográficas recentes, esse aumento se explica como consequência de uma redução da fertilidade e mortalidade observada ao longo do século XX. A idade pode ser considerada como um dos fatores de risco melhor aceito para o desenvolvimento de diversas doenças, destacando-se entre elas a Doença de Alzheimer (DA). No entanto até hoje, não existe uma causa única que pode levar ao desenvolvimento da DA, mas sim um conjunto de fatores, a exemplo do estresse, danos físicos (traumas ou pancadas), déficit no metabolismo e vascularização cerebral, que associados a hipótese colinérgica, poderiam explicar melhor o surgimento desta doença. Atualmente, a terapêutica disponível para a DA baseia-se principalmente nesta hipótese, não sendo possível a cura, mas apenas o retardo da evolução da doença bem como o alívio nos sintomas que a mesma apresenta, que de certa forma contribui com a qualidade de vida dos pacientes. No entanto, estão em fase não clínica de testes alguns candidatos que poderiam atuar sobre a formação das placas amilóides e diminuição dos agregados protéicos insolúveis, o que poderia evitar a evolução da doença para etapas mais severas. Na perspectiva de busca de novos fármacos, os produtos naturais apresentam relevância e as endemias de algumas espécies vegetais as deixam com composição química características daquele local específico. A Caatinga, por exemplo, é um bioma dominado por um dos tipos de vegetação cuja distribuição é totalmente restrita ao Brasil. Diante disto, o presente trabalho teve como objetivo buscar novas substâncias com potencial atividade anticolinesterásica e que possam servir como alternativa para o tratamento da DA, levando em consideração a hipótese colinérgica como uma das principais causas da doença. Partindo de uma pesquisa etnofarmacológica com indicação de plantas medicinais utilizadas para patologias que pudessem ter relação ao sistema nervoso, foram coletadas 23 espécies, sendo duas partes diferentes de duas espécies particularmente, e obtidos extratos com três polaridades para cada uma, gerando 75 amostras para estudo. Apenas 26,7% apresentaram resultado positivo no pre-teste qualitativo de inibição da enzima AChE. Quando realizado o teste falso positivo, este número diminuiu para 30% do resultado positivo, sendo representado por 8% do total de amostras analisadas. Das 30 amostras analisadas quantitativamente, apenas 13,3% apresentaram fraca atividade inibitória da AChE, 43,3% apresentaram moderada atividade e 43,3%, apresentaram potente atividade, sempre levando-se em consideração a menor concentração estudada (0,5 mg/mL). Destacaram-se com melhores resultados Citrus limonum, Ricinus communis e Senna occidentalis, com porcentagem de inibição da atividade anticolinesterásica variando de 50% até 65%, na menor concentração. Estas espécies tiverem seus extratos de média e baixa polaridade submetidas a Cromatografia Gasosa-Espectrometria de Massa. Foi possível perceber a presença de classes de compostos em comum entre as amostras, como os derivados de terpenoides e cumarinas, que em alguns estudos na literatura científica são citados com a atividade anticolinesterásica. Com maior frequência entre os melhores resultados, C. limonum foi escolhida para os testes de isolamento e doseamento de cumarinas, para o qual foram encontrados teores de 688,57 ±3,94 mg/g de extrato para fração de diclorometano. Ao ser particionada, esta amostra apresentou resultados de porcentagem de inibição anticolinesterásica entre 74,6% a 94,4%, sendo possível isolar o composto caracterizado como 2H-1-Benzopiran-2-ona-5,7-dimetoxi. As frações da amostra de metanol apresentaram inibição da AChE entre 92,3% e 100%. Os resultados obtidos para C. limonum mostram o potencial desta espécie para o tratamento da DA.