Morfologia descritiva e hemodinâmica dos aneurismas do sifão carotídeo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: AMBROSI, Patrícia Bozzetto
Orientador(a): VALENÇA, Marcelo Moraes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Ciencias Biologicas
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/17348
Resumo: Os novos stents modificadores de fluxo apresentam elevadas taxas de sucesso obtidas no tratamento dos aneurismas que se desenvolvem na circunferência do sifão carotídeo. Esses aneurismas são bastante diversificados e apesar de dinâmicos muitas vezes são silenciosos. Além disso, sua história natural e seu comportamento biológico ainda são bastante desafiadores e incertos. Estudos experimentais tem recentemente demonstrado que a morfologia (remodelamento vascular) e as variações na hemodinâmica cerebral estariam envolvidos tanto na gênese bem como no desenvolvimento e na eventual ruptura dos aneurismas intracranianos. Outrossim, estudos populacionais tem evidenciado uma correlação entre a assimetria das artérias do polígono de Willis e o aparecimento de aneurismas em várias localizações dentro do polígono de Willis. Contudo, estudos específicos voltados para aos aneurismas localizados na circunferência do sifão carotídeo ainda não foram abordados. A presente tese teve como principal objetivo caracterizar o papel das variantes arteriais do círculo de Willis particularmente implicadas na gênese dos aneurismas da circunferência do sifão da carótida. Ao mesmo tempo, foi realizada uma análise de regressão para superar o desequilíbrio significativo entre homens e mulheres em relação a ambos: local do aneurisma e a presença de variantes arteriais do polígono. As duas variantes anatômicas do polígono de Willis consideradas no presente estudo foram a presença do segmento A1 dominante (Hipoplasia A1 contralateral) e a presença de artéria cerebral posterior (PCA) fetal. Realizamos um estudo casocontrole em um dos centros franceses de referência, e que também é um centro de classe mundial contendo cinco principais amostras: (1) Grupo 1, agrupando os aneurismas que se originam em algum ponto da circunferência do sifão carotídeo unilateralmente (n = 178); (2) Grupo 2, contendo aneurismas em algum ponto bilateralmente nos dois sifões carotídeos (n = 99); (3) Grupo 3, composto de sifões sem aneurismas contralaterais do grupo A1 (n = 178); (4) Grupo 4, contendo sifões de pacientes sem aneurismas (n = 210) e Grupo 5, controles combinados contendo os Grupos 3 e 4 (n=388). Em grupos equilibrados, a configuração tipo A1 do polígono de Willis parece ter um efeito protetor na gênese dos aneurismas. A configuração do tipo A1 foi significativamente mais encontrada no Grupo 3 (55/178) versus Grupo 1 (12/178) denotando provalvemente um efeito protetor no aparecimento dos aneurismas na região do sifão carotídeo (p<0.0001, OR 0.1617). A presença da A1 dominante foi significantemente maior no grupo 3 do que no grupo 1, tanto no grupo de homens (1/24 versus 11/24, p=0.0070, OR 0.0514) quanto de mulheres (44/154 versus 1/154, p<0.001, OR 0.1923). A associação incluindo ambas A1 dominante/ Fetal PCA foi encontrada apenas em 3/178 (1.6%) pacientes do grupo 1 (3/178) e um total de 13/178 dos sifões do grupo 3 (p = 0.0189, OR 0.2176). O novo conceito poderá ajudar na melhoria do screening e abrindo as portas para novas estratégias no tratamento dos aneurismas do sifão carotídeo. Nesta análise, também evidenciou-se que um grupo controle equilibrado pode reduzir o viés multivariado e, assim, melhorar as estimativas. Por conseguinte, são necessárias mais investigações com dados multicêntricos com abordagens analíticas melhoradas. Além disso, nessa tese discutimos sobre as biotecnologias aplicadas aos aneurismas intracranianos, apresentamos uma abordagem clínica e uma revisão histórica sobre as técnicas de tratamento dos aneurismas do sifão carotídeo, apresentamos as novas perspectivas sobre as variantes anatômicas aplicadas aos aneurismas intracranianos e propusemos uma nova classificação morfológica baseada nas áreas de susceptibilidade dos aneurismas do sifão carotídeo. Concluindo, o efeito protetor da presença das variantes anatômicas arteriais com hiperfluxo suporta a hipótese do uso da hemodinâmica cerebral como fator preditivo no desenvolvimento dos aneurismas intracranianos. Estudos adicionais são necessários com a inclusão dessas novas ferramentas tecnológicas que proporcionem acurácia nas medições de fluxo da circulação cerebral e dos aneurismas intracranianos permitindo a utilização na prática clínica.