“Quando a polícia chega para matar, nós estamos praticamente mortos”: discursos sobre genocídio da população negra no cenário de Recife-PE

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: ALVES, Joyce Amâncio de Aquino
Orientador(a): LEWIS, Liana
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Sociologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/31007
Resumo: A discussão sobre o Genocídio da população negra tem sido intensificada a partir da luta antirracista dos movimentos negros no Brasil, que buscam apontar a desigualdade e a violência que os atingem na sociedade. As instituições refletem, a partir do Racismo Institucional, as práticas racistas que são reproduzidas também em discursos, como os produzidos pela Polícia Militar, por exemplo. Nessa perspectiva, os discursos sobre o Genocídio da População Negra aparecem sob a forma de protesto político e a militância antirracista tem buscado evidenciar o fenômeno de violência e exclusão que definem as condições desse segmento na História Brasileira. É através do Mito da Democracia Racial que a negação do Racismo e do Genocídio dificulta o reconhecimento da luta por uma igualdade racial. É a partir da ideia de uma democracia racial falaciosa e de um colonialismo ainda não rompido que a interpretação das estatísticas de mortes das vidas negras e dos índices de acessos à saúde, educação, moradia, entre outros, revelam a redução do ser negro. A nossa pesquisa busca compreender a construção dos discursos sobre o Genocídio da População Negra no cenário de Recife-PE, que posiciona, além dos militantes negros, o papel da Polícia Militar neste processo, considerando-a como um aparelho ideológico e repressivo do Estado que também opera sob a lógica do racismo. A partir dos discursos, identificamos os posicionamentos dos sujeitos sociais através da Análise Crítica do Discurso nas perspectivas de Norman Fairchlough e Teun Van Dijk, entendendo os mecanismos mais ou menos sutis pelos quais o sistema de dominação racial é reproduzido. Através das entrevistas aplicadas tanto aos militantes quanto aos policiais militares, foi possível perceber os elementos que compõem e constroem os discursos sobre o Genocídio da População Negra pautados numa desmistificação da igualdade racial. Demonstramos a tese de que os discursos analisados estabelecem duas principais matrizes sociais discursivas: as raízes do Colonialismo e o Mito da Democracia Racial que se apresentam sob uma rede de significados, denunciando que não rompemos com esses fundamentos. Além disso, constata-se que os discursos sobre o Genocídio do negro no Brasil apontam para uma expressividade que não variou desde o surgimento dos Movimentos Sociais Negros e que a democracia racial já tensionada se encontra em crise a partir dos discursos evidenciados no cenário político.