Biopolímero de cana-de-açúcar como prótese endourológica em ratos wistar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: LIMA, Roberto Santos
Orientador(a): LIMA, Salvador Vilar Correia
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Cirurgia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/27848
Resumo: INTRODUÇÃO: Desde 2001 um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco vem estudando um polissacarídeo produzido por síntese extracelular de bactéria (Zoogloea sp) sobre o melaço da cana-de-açúcar. Após estudos de biocompatibilidade este biopolímero de cana-de-açúcar (BPCA) vem sendo utilizado na forma de membranas e gel em diferentes aplicações e regiões anatômicas essencialmente em pesquisas com animais de experimentação e mais recentemente aplicações clínicas como curativos na cirurgia de hipospádia. O presente estudo teve como objetivo avaliar o comportamento deste biomaterial quando colocado em contato com a urina e o trato urinário por tempo prolongado na perspectiva de confecção de próteses endourológicas. Os biomateriais atuais dos dispositivos mais utilizados (cateter uretral de Foley e stents ureterais) não se comportam de maneira ideal, tem alto custo e morbidade no que diz respeito à formação de biofilme, incrustação, colonização por microrganismos e infecção. MATERIAIS E MÉTODOS: Foi realizado um estudo experimental com ratos Wistar totalizando 51 animais distribuídos em cinco grupos. Realizou-se a implantação de pequenos tubos na bexiga por meio de laparotomia e os animais foram sacrificados após 3-6 meses. Grupo 1 e 3, implantação de tubos de BPCA com sacrifício após período de 3 e 6 meses respectivamente. Grupos 2 e 4, implante de tubos de poliuretano e sacrifício após período de 3 e 6 meses respectivamente. No quinto grupo nada foi implantado, mas foi realizado o mesmo procedimento cirúrgico: cistotomia e cistorrafia de forma semelhante aos demais grupos. Este quinto grupo foi sacrificado após seis meses. Os tubos mediam de cinco mm de comprimento e tinham calibre de 6F. Foram construídos a partir de membranas do BPCA. Para comparação utilizou-se secções de cinco mm de um stent ureteral de poliuretano de 6F (Stent Ureteral Universa Cook Medical®). Foram analisados fenômenos macroscópicos sofridos pelo tubo, a bexiga e seu conteúdo. As bexigas foram ressecadas e analisadas histologicamente com preparações padrões de hematoxilina-eosina. Amostras de urina foram coletadas no momento do sacrifício para estudo microbiológico e o material incrustado ou cálculos foram analizados quimicamente. As variáveis analisadas foram mudança de cor do tubo, mudança de forma do tubo, presença de material orgânico aderido ao tubo, incrustação sobre o tubo, presença de cálculos e se havia alterações histológicas como reação do urotélio e resposta inflamatória na lâmina própria. RESULTADOS: No período de três meses houve diferença estatisticamente significante entre os grupos 1 e 2 na variável mudança de coloração dos tubos (7 de 8 e 0 de 10, respectivamente; p<0,05) e na mudança da forma do tubo (4 de 8 e 0 de 10, respectivamente; p<0,05). Não houve diferença nas alterações histológicas, bem como em relação à presença de material orgânico, incrustação e formação de cálculos. No período de seis meses houve diferença na mudança de forma dos tubos nos grupos 3 e 4 (10 de 12 e 0 de 9, respectivamente, p<0,05). Não houve diferença estatisticamente significante quanto à mudança de cor, material orgânico aderido, incrustação e formação de cálculos. Nas alterações histológicas o grupo 3 apresentou maior reação epitelial do que o grupo 4 com diferença estatisticamente significante (p<0,05). O grupo controle não apresentou cálculos, nem alterações histológicas importantes. CONCLUSÃO: O BPCA, no presente estudo, comportou-se de forma inferior ao material comparado quando analisados alguns fenômenos macroscópicos e microscópicos em médio prazo (alterações de cor, forma, reação epitelial). Contudo, os resultados desfavoráveis não comprometem a continuação de pesquisas com este biomaterial.