Violência doméstica contra as mulheres: relações de gênero e de poder no sertão pernambucano

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: LIRA, Kalline Flávia Silva de
Orientador(a): BARROS, Ana Maria de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Direitos Humanos
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/16544
Resumo: A presente pesquisa investiga a violação dos direitos humanos existentes na violência doméstica contra as mulheres, através de um recorte das relações de gênero e de poder no Sertão do Araripe de Pernambuco. Este estudo apresenta algumas considerações sobre a rede de enfrentamento da violência contra as mulheres na região, mapeando os serviços e apontando os números da violência, de 2010 a 2013, coletados em alguns dispositivos, além de realizar uma análise da violência a partir de entrevistas com mulheres em situação de violência doméstica. A pesquisa foi baseada nos aportes teóricos de Scott (1995) e Arendt (1985), além de documentos nacionais e internacionais sobre violência contra as mulheres. Do ponto de vista metodológico, é um estudo de caso sobre a realidade do Sertão do Araripe, com uma pesquisa documental realizada em três órgãos da rede de enfrentamento, e de uma pesquisa de campo, através de cinco casos de mulheres em situação de violência doméstica, a partir de uma abordagem prioritariamente qualitativa. Os resultados da pesquisa apontam que o fenômeno da violência contra as mulheres no Sertão do Araripe atinge todas as classes sociais e econômicas, bem como idade, cor da pele e zona de residência. A violência mais referida foi a psicológica, tanto nos dados quantitativos quanto nos qualitativos. Na análise dos dados documentais, ficou clara a fragilidade das mulheres residentes em zonas rurais. Apesar de compreender as agressões que sofrem como uma situação de violência doméstica, as mulheres minimizam a gravidade da violência psicológica, em relação à violência física. Este estudo também assinala que as mulheres do sertão não se percebem apenas no papel de esposa e mãe, ocupando outros espaços como os do estudo e trabalho. No entanto, essa maior participação no espaço público não se refletiu na re-configuração das relações de gênero e poder no âmbito privado, permanecendo a cultura patriarcal que impõe a subordinação das mulheres diante dos homens. No que concerne ao mapeamento da rede de enfrentamento, os números assinalam a inexistência de alguns serviços especializados considerados primordiais, e que a rede está funcionando de maneira desarticulada. Conclui-se que a violação dos direitos humanos das mulheres em situação de violência doméstica no sertão do Araripe não se refere apenas às agressões físicas, psicológicas e morais a que são submetidas, mas também está contida na dificuldade de acesso aos serviços e na pouca compreensão da rede de enfrentamento da violência pelas mulheres, repercutindo na fragilidade da referida rede, que termina por não contribuir para a diminuição da violência sexista e machista no Sertão do Araripe.