Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
SILVA, Anna Katarina Barbosa da |
Orientador(a): |
CARVALHO, Glória Maria Monteiro de |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
|
Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pos Graduacao em Psicologia Cognitiva
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Brasil
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/17451
|
Resumo: |
A presente tese de doutorado teve como proposta investigar os discursos do sujeito sobre si mesmo, bem como de sua família e profissional assistente, a partir das mudanças corporais que advém da experiência do abuso do crack. Se e como o sujeito usuário de crack em uso abusivo percebe seu corpo. Fisicamente, os ‘noiados’, como são chamados os usuários de crack, tem os dedos e lábios queimados por causa do consumo da substância, falta ou apodrecimento dos dentes e magreza, na maioria das vezes, excessiva. O estudo tem como escopo teórico a Psicanálise, que fornece subsídios para a discussão sobre as toxicomanias, o movimento repetitivo de consumo, o autoerotismo e busca de um gozo mortífero, além de reflexões sobre a metáfora paterna e o nó borromeu lacaniano. O local de realização da pesquisa foi o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas Recanto dos Guararapes, situado em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco, Brasil. Trata-se de um estudo de caso que aborda a história de um usuário de crack, a partir de entrevistas realizadas com o mesmo, fora do momento de consumo, na referida instituição, bem como com os demais participantes. Ele recebe o nome de Sísifo, com sua pequena pedra de crack, uma metáfora ao mito em que o sujeito empurra uma enorme pedra até o topo de uma montanha para vê-la rolar e voltar a seguir e, assim, repetindo o mesmo ato. Os resultados e discussões partem da exposição do caso de Sífifo que iniciou o consumo de crack há cerca de 10 anos, ainda faz uso da substância e está há um ano em tratamento no CAPS. Os trechos de fala dos participantes, em destaque as de Sísifo, debatem o autoerotismo presente no consumo e a noção de busca por um gozo absoluto, conduzido pela pulsão de morte, que apagaria a percepção da automutilação e do masoquismo visíveis no corpo depreciado após o consumo. Ainda, algumas falas deixam escapar uma relação muito próxima do sujeito que “tem medo de crescer” e sua mãe, o que pode contribuir para a recorrência do corpo fragilizado nesta relação com a figura materna, o que permite reflexões sobre uma fragilidade na inscrição do Nome-do-Pai e o corpo necessitando de cuidados, assim como o corpo infantil. Por fim, partindo da ideia do afrouxamento do nó borromeu e sobressalência do Real, o sujeito, após o uso abusivo, traz em seu discurso a proximidade com a temática da morte e se auto denomina pelo que chamo de Nomes-do-Morrer, utilizando significantes próximos da morte e ligados a própria morte. Sugere–se, então, uma clínica borromeana e intervenções que envolvam reflexões sobre o corpo do sujeito usuário de crack e que convoque cada vez mais o Outro, dando espaço de fala aos mesmos, partindo da noção de sujeito como constituído pela linguagem. |