Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
GRIGOLETTO, Cassiana |
Orientador(a): |
WALTER, Roland Gerhard Mike |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pos Graduacao em Letras
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/25362
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Resumo: |
Diante de um mundo globalizado e da imposição de um tempo marcado pela condição “pós”, deparamo-nos com profundas transformações sociais, políticas, econômicas e culturais que têm desestabilizado noções fixas de sujeito e nação, produzindo novas e ambivalentes configurações do local e do global, em que coexistem fenômenos de destradicionalização e de reinvenção da tradição. Procurando compreender esses processos, objetivamos investigar o sagrado como encruzilhada transcultural e força política de descolonização nas práticas discursivas atualizadas nas literaturas moçambicana e angolana. Para tanto, definimos como corpus literário três textos: duas narrativas do escritor angolano Boaventura Cardoso, a saber, A árvore que tinha batucada (conto), e Mãe, materno mar (romance); e um romance do moçambicano Mia Couto, O outro pé da sereia. Nestas narrativas, a presença recorrente de elementos do sagrado, um dos pilares das identidades africanas, possibilita analisarmos os trânsitos culturais durante a expansão e o colonialismo português com contínuos efeitos no período pós-colonial. Partindo do pressuposto de que a religiosidade dos povos angolanos e moçambicanos sempre funcionou como força política de descolonização, buscamos compreender o imaginário cultural dos povos bantu, bem como o do colonizador, para verificar como se produziram os processos ambivalentes de negociação e atravessamento cultural nos fenômenos religiosos africanos. Com base nessa linha de raciocínio, a presente tese nos levou a concluir que as construções literárias sobre os entrecruzamentos culturais religiosos africanos demonstram uma coexistência religiosa em que a conversão ao cristianismo é parcial e o sincretismo aparente, pois não se verifica uma total ruptura com as crenças tradicionais, nem o surgimento de Igrejas sincréticas em que os elementos das religiões tradicionais africanas se mesclam com os do cristianismo aos moldes do que ecumenismo católico propõe. O que se observa é uma interpretação e interiorização dos conhecimentos do cristianismo no âmbito da cosmologia tradicional, pois mesmo quando as crenças africanas perdem o seu valor religioso, continuam a ser observadas como elementos do patrimônio cultural. Assim, para analisar esses contínuos processos de negociação cultural que permeiam as encruzilhadas entre os discursos religiosos do colonizador e do colonizado, da tradição e da modernidade, da colonialidade e da pós-colonialidade, da angolanidade e da moçambicanidade, adotamos uma metodologia comparatista e interdisciplinar, advinda dos Estudos Culturais e Pós-coloniais, para entrelaçar várias fontes teóricas e críticas. |