A cegonha não é mais uma ficção : a paternidade no contexto das novas tecnologias reprodutivas conceptivas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: TORRES, Karine de Andrade
Orientador(a): ADRIÃO, Karla Galvão
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/11148
Resumo: A presente pesquisa teve como objetivo geral compreender os sentidos de paternidade para homens que buscaram os serviços/clínicas particulares especialistas em Reprodução Humana Assistida na cidade do Recife. De maneira específica, pretendeu-se compreender como esses homens vivenciam a experiência de busca por filhos através das novas tecnologias reprodutivas conceptivas; verificar como eles se vêem diante de uma sociedade que valoriza questões relacionadas ao gênero, às sexualidades, à virilidade e às masculinidades; investigar de que forma essa condição tem interferido em suas relações pessoais e sociais e, por fim, compreender, através de seus discursos, os sentidos de paternidade e de filho biológico. A tecnologia, em especial, as tecnologias de reprodução humana vem entrando na intimidade dos laços familiares e da sexualidade dos casais, gerando novas formas de parentesco. Contemporaneamente, ocupa um lugar no qual seria imprudente deixar de reconhecer seu impacto, relegá-la a preconceitos ou referi-la a uma minoria da população. O estudo proposto justifica-se inicialmente pela constatação de que a literatura tem privilegiado a descrição do impacto emocional da infertilidade e da experiência da Reprodução Assistida, principalmente nas mulheres. Entende-se por impacto emocional: o alto nível de estresse, ansiedade, angústia, episódios depressivos, alterações de humor, gerados pelo processo de Reprodução Assistida. Além desse fator, o homem vem sendo colocado como coadjuvante nesse processo, como aquele que apenas apóia a sua parceira e que só é solicitado na hora de aportar o sêmen, adquirindo, dessa forma, um lugar passivo diante de seus desejos, medos e perspectivas. Foram entrevistados 5 homens/pais, casados e com idades variando entre 29 e 42 anos. Como instrumento de coleta de dados foi utilizada a entrevista em profundidade com enfoque biográfico. O percurso da análise enquadra-se num paradigma interpretativo (Geertz, 1989, 2001) ou compreensivo, buscando o entendimento dos fatos na perspectiva do outro, numa perspectiva émica (Vieira, 2003), apelando à história de vida do participante. Os dados revelaram que os entrevistados atribuíram grande importância ao filho biológico, uma vez que a adoção surgiu na maioria das vezes como a última alternativa para o exercicio da paternidade. Dentre os sentidos atribuidos à paternidade podemos citar: “ ser pai é o próprio paraíso”; “companheirismo”; “amizade”; “cuidado e responsabilidade” e “maior presente da vida”. O que nos chamou atenção nas falas dos homens/pais, no entanto, é a prevalência da noção de pai-amigo-companheiro. Aguardar o teste de gravidez foi o momento de tensão emocional mais sinalizado pelos entrevistados. A maioria dos entrevistados afirmou que o desejo pelo filho surgiu após o casamento e que, a princípio não seria uma condição fundamental para se ter uma vida feliz. As falas se tornam contraditórias, na medida em que, apesar de afirmarem que o filho não seria condição fundamental, todos os participantes se submeteram ao tratamento. Diante de tudo isso, consideramos importante um olhar mais acurado para a experiência da paternidade nesse contexto, ainda tão pouco explorado no Brasil e pela Psicologia de uma forma geral.