Emoções, lugares e memórias : um estudo sobre apropriações morais da Chacina do Rangel

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: BARBOSA, Raoni Borges
Orientador(a): CAMPOS, Roberta Bivar Carneiro
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Antropologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/34433
Resumo: O evento trágico do crime de chacina entre iguais, transformado pelos empreendedores morais da cidade de João Pessoa na narrativa pública e dramática da Chacina do Rangel, pode ser considerado como um divisor de águas na história do bairro do Varjão/Rangel e nas memórias que os moradores alimentam sobre o mesmo. Transcorridos mais de nove anos desde o fatídico 09 de julho de 2009 em que o ato de violência banal e cruel se consumou, o tema ainda permanece um tabu e objeto de vergonha e silêncio por parte dos moradores, mas também como objeto e momento de reflexão sobre as promessas feitas e, no mais das vezes, não realizadas, pelos empreendedores morais da cidade oficial, - a mídia local, a Igreja Católica e a Administração Pública, - que se aventuraram na apropriação moral e moralizante do crime de chacina como narrativa dramática de Chacina do Rangel. O exercício etnográfico de perceber e compreender os interditos, os breves desabafos e as sutis ironias e ressentimentos que compõem as memórias dos moradores do bairro do Varjão/Rangel sobre este momento crítico das sociabilidades pessoalizadas e engolfadas de uma figuração social pobre e estigmatizada, - mas bastante preocupada em manter e preservar suas fachadas individuais e coletivas de pessoas de bem que lutam pelo reconhecimento moral da cidade de João Pessoa, - foi possível somente mediante um conjunto de estratégias metodológicas entrecruzadas. Estas estratégias combinaram procedimentos vários, como a observação direta do local do crime e arredores, a montagem de um banco de imagens sobre crimes banais e cruéis ocorridos na cidade de João Pessoa, passeios diversos pelo bairro do Varjão/Rangel como morador atípico e um extenso levantamento histórico, geográfico e sociopolítico de acontecimentos pertinentes no bairro, de modo a possibilitar uma abordagem compreensiva das equivocações entre a cidade oficial e sua narrativa pública e dramática de Chacina do Rangel, por um lado, e o bairro popular estigmatizado com sua narrativa inversa de trauma cultural sobre o crime de chacina entre iguais ali ocorrido.