Alter-realismo: a pintura realista enquanto desvio (détournement) nas artes visuais contemporâneas
Ano de defesa: | 2018 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
UFPE Brasil Programa de Pos Graduacao em Design |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/29715 |
Resumo: | Esta tese objetiva defender a validade artística da representação figurativa em pintura, na contemporaneidade. Propõe que segmentos desta pintura aliam dimensões da tradição representativa a uma resistência crítica (mas também dialógica) frente à "arte contemporânea" e à "sociedade digital", no que estas possam partilhar uma orientação antirrepresentativa irrestrita, de dogmática desvalorização da pintura e da manufatura. Propõe tal resistência como uma atualização de duas posturas históricas de crítica artística frente ao ambiente imediato: primeiro, o realismo como proposto por Gustave Courbet (1819-77), em seu escrutínio pictórico da realidade social; segundo, o desvio (détournement) situacionista, em seu análogo desafio ao establishment social e artístico. Atualizando e sintetizando estas duas noções, numa acepção ficcional do realismo e numa acepção parcial e menos revolucionária do desvio, a tese propõe considerar esta nova pintura como simultaneamente realista e desviante; ou num "realismo enquanto desvio", aqui concebido como "alter-realismo". A tese exemplifica este alter-realismo na obra do artista grego Miltos Manetas (1964- ), numa abordagem micro-histórica e serial, a conceber as "séries" do artista como acontecimentos qualitativamente relevantes, perpassando sua produção em pintura, em linguagens digitais e em obras aqui descritas como "mestiças", a desafiar a historiografia. A tese propõe que o desvio próprio a esta pintura alter-realista em Manetas, por dialogar (meta)pictoricamente com o digital, constitui na verdade uma matriz desviante: desvia de certa orientação digital da "arte contemporânea", desvia do détournement situacionista e desvia do realismo social histórico, mas sempre de forma parcial e dialética. A presente análise procurou mostrar que este desvio alter-realista produz, na esteira do situacionista Asger Jorn (1914-73) mas ao mesmo tempo de forma específica, uma "pintura desviada", tanto em termos de temática quanto em termos, principalmente, de processo construtivo. A tese conclui que, entre o digital e o analógico, mas a favor da pintura, as Internet Paintings de Manetas (numa “interminável série de duas pinturas”) conformam o núcleo deste desvio alter-realista. Desviam das dogmáticas diretivas que, na "arte contemporânea", hierarquizam realidades que podem ser vistas com isonomia e, com isto, subestimam as potencialidades técnicas e poéticas da pintura do presente. |