Eventos de alfabetização em duas escolas : uma análise comparativa e etnográfica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: ALMEIDA, Ana Caroline de
Orientador(a): MACEDO, Maria do Socorro Alencar Nunes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Educacao
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/38141
Resumo: Neste texto, apresentamos a tese intitulada “Eventos de alfabetização em duas escolas: uma análise comparativa e etnográfica”. Esta tese resulta da pesquisa que teve como objetivo geral descrever e analisar eventos de alfabetização em duas turmas do primeiro ciclo, a saber: uma da Rede Municipal do Recife (PE) e outra da Rede Municipal de São João del-Rei (MG), ambas turmas de segundo ano, cujas professoras participaram do curso de formação em alfabetização oferecido no âmbito do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC). O construto teórico metodológico basilar da pesquisa buscou uma convergência entre “certa compreensão ético crítico política da educação” elaborada por Paulo Freire (1976, 1978, 2011,2014, 2015) e uma perspectiva antropológica da escrita, com base nos Novos Estudos do Letramento (NEL), a partir dos estudos de Barton e Hamilton (2000, 2004), Gee (2004), Heath (2004) e Street (2003, 2004, 2010, 2014) e se assentou numa concepção de linguagem com base nos pre ssupostos da Teoria da Enunciação (BAKHTIN, 1997, 2010, 2014). Metodologicamente, optamos por articular a abordagem Comparative Case Study CCS (nesta Estudo de Caso Comparado ECC ), a partir dos estudos de Bartlett e Vavrus (2017), com a perspectiva etnográfica , a partir dos estudos de Street (2010; 2014), Heath e Street (2008), Rockwell e Ezpeleta (1989), e Green, Dixon e Zaharlic k (2005) como fundamentos para a pesquisa. Nossos resultados indicam que, embora diferentes eventos tenham sido construídos nas duas turmas (a partir também de diferentes textos de circulação social, o que poderia sinalizar para um avanço nas práticas escolares de ensino da leitura e da escrita), a concepção de ensino e aprendizagem, linguagem e alfabetização que os sustentaram foi, predominantemente, a mesma: ensino como depósito de informações nos alunos que, passivos, aprendiam por arquivamento dessas informações; língua como objeto de estudo, estático e uniforme, cujos mecanismos estruturais procuraram identificar e descrever e alfabetização como aprendizado mecânico da leitura e da escrita. Não observamos, portanto, uma ruptura com concepções tradicionais desse processo, evidenciando, em alguma medida, limites nos programas de formação de professores, entre eles, o PNAIC. Este programa não rompe com a concepção de alfabetização que tem sido hegemônica no campo, há pelo menos 20 anos o alfabetizar letrando, que, conforme apontamos na tese, dicotomiza alfabetização e letramento. Argumentamos que um passo importante para a construção de eventos de alfabetização que contribuam efetivamente com a formação de leitores e produtores de texto e de pessoas que possam fazer um uso mais efetivo e crítico da língua escrita nas suas práticas sociais cotidianas, passa pela ruptura dessa dicotomia e ressignificação do objeto de alfabetização (para além do SEA), incluindo os aspectos político, cultural e social da escrita. A articulação entre as perspectivas epistemológicas que apontamos, com base nos estudos de Paulo Freire e os NEL pode contribuir para a formulação de melhores políticas públicas de educação e alfabetização e para a prática em sala de aula.