Tensões epistêmico-didático-pedagógicas na prática docente Xukuru : relações entre a colonialidade e a decolonialidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: SOUZA, Wyne Nogueira de
Orientador(a): SILVA, Janssen Felipe da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Educacao Contemporanea / CAA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/56480
Resumo: Esta dissertação é fruto da pesquisa de Mestrado vinculada à Linha de Ensino Docência e Aprendizagem, do Programa de Pós-Graduação em Educação Contemporânea, do Centro Acadêmico do Agreste (CAA), da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Este estudo versa sobre as tensões epistêmico-didático-pedagógicas na Prática Docente Xukuru e suas relações entre a colonialidade e a decolonialidade, tendo como objeto de estudo a Prática Docente Xukuru. Apoiamo-nos na abordagem teórico-metodológica do Pensamento Decolonial (Arturo Escobar, 2003; Walter Mignolo, 2007, 2008; Aníbal Quijano, 2005; Henrique Dussel, 2005; Catherine Wash, 2009; Ramón Grosfoguel, 2006, 2007; Santiago Castro-Gómes, 2007; Porto-Gonçalves, 2002, 2003, 2005, 2006), pois nos permite analisar o contexto da produção dos dados a partir da ótica do subalternizado. Nesse sentido, delimitamos como problema de pesquisa: quais são as tensões epistêmico-didático-pedagógicas entre a colonialidade e a decolonialidade na Prática Docente Xukuru? Para tanto, lançamos como objetivo geral: compreender as tensões epistêmico-didático-pedagógicas entre a colonialidade e a decolonialidade na Prática Docente Xukuru, e, de maneira mais específica, identificar as marcas da colonialidade do poder, do saber, do ser e da natureza na Prática Docente Xukuru; perceber os indícios da decolonialidade do poder, do saber, do ser e da natureza na Prática Docente Xukuru e entender os avanços e recuos epistêmico-didático-pedagógicos na Prática Docente Xukuru. Justifica-se este estudo a partir das minhas inquietações enquanto professora Xukuru, que atua em um contexto escolar indígena tensionado pelas interferências coloniais e, por isso, percebemos como fundamental a consciência crítica, a descolonização e a permanente provocação de reflexões internas ao meu povo, no que se refere à Prática Docente. Partimos do pressuposto de que, mesmo com toda luta e com a perspectiva de um projeto outro, a colonialidade ainda está presente nas escolas Xukuru, porque é inevitável o contato com a sociedade nacional, sobretudo pelas formações docentes não interculturais, gerando no contexto educacional dos territórios indígenas as tensões entre a colonialidade e a decolonialidade. O trabalho apresentado se situa no campo da Educação Escolar Indígena, no que tange aos procedimentos teórico-metodológicos escolhemos como campo de pesquisa a Escola Estadual Indígena Santa Rita Memby, alicerçada no povo Xukuru do Ororubá (PE), localizado entre os municípios de Pesqueira e Poção. Tomamos como sujeitos desta pesquisa cinco professores(as) indígenas com maior tempo de atuação nas quatro áreas do conhecimento. A coleta de dados aconteceu através de questionários de identificação, entrevista semiestruturada, diário etnográfico e registros fotográficos. Para o tratamento e análise dos dados, utilizamos a Análise de Conteúdo via Análise Temática (Bardin, 2011; Vala, 1990). As análises nos possibilitaram concluir que avançamos um pouco mais no que diz respeito ao pressuposto, visto que outros elementos foram revelados, ao longo da pesquisa, como impulsionadores das tensões epistêmico-didático-pedagógicas na Prática Docente Xukuru, os quais indicam que os embates são frutos também das imposições do Estado, no que se refere ao cumprimento de normas e padrões institucionais, com vistas ao desenvolvimento de um ensino pautado pelos ideais neoliberais, sem que haja respeito aos modos de pensar e fazer indígenas. Ainda é apontada como retrocesso a ausência de formação continuada específica, isto é, enraizada no território Xukuru, que forme os(as) docentes a partir das suas vivências, na intenção de qualificar o(a) profissional Xukuru, sobretudo em suas práticas específicas, para que, através desse viés, o seu projeto de futuro seja tão bem corporificado. Esse estudo nos fez perceber que a Educação Escolar Xukuru, assim como a prática Docente Xukuru, são componentes relacionais, tecidos pela perspectiva do povo enquanto elementos chaves para a continuidade do projeto de futuro da comunidade Xukuru.