Resumo: |
Esta dissertação trata sobre os processos que a comunicação feita pela Ororubá Filmes, veículo de comunicação comunitária (PAIVA, 2003) do povo indígena Xukuru do Ororubá (Pesqueira/Pernambuco), gera sobre a mesma comunidade, uma vez que desenvolvem produções midiáticas feitas pelo povo, no seu território e para atender suas demandas próprias. Com um apontamento sobre as epistemologias do sul (BOAVENTURA, 2019), trabalhamos tanto o conceito quanto o movimento de decolonialidade (QUIJANO, 2005), que surge a partir das lutas e das análises travadas desde a segunda metade do século XX no território que conhecemos hoje como América Latina, num debate que percorre a importância da comunicação comunitária como uma ferramenta de luta, principalmente dos povos que foram subalternizados e da tentativa de, através dela, desafiar as várias violências de representação por parte dos veículos midiáticos hegemônicos, que de forma sistemática, atacam os povos indígenas, promovendo seu exterminio. Deste modo, relacionamos o conceito de decolonialidade à análise das transformações na visão da comunidade indígena que povoa a Serra do Ororubá, acerca de como estão sendo representados pelo seu veículo comunicacional próprio e sobre o valor que ganha dentro da etnia, questões investigadas por meio do trabalho de inspiração etnográfica. Assim, partimos para defender um fazer audiovisual perspectivado, que nasce dessa luta, mas que emerge como um modo específico de trabalhar tanto a palavra quanto a imagem e o som. Denominamos como Comunicação Comunitária Indígena essa comunicação que se afirma através da identidade dos povos indígenas, pois tal conceito detém cosmovisões particulares que permitem discutir etnicidade da comunidade onde, a partir delas, criam-se os discursos midiáticos e, sobretudo, uma matriz epistêmica própria (TORRICO, 2016), que parte dos princípios fundamentais da ancestralidade indígena (KRENAK, 2020). |
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