A agricultura do sagrado no fortalecimento da identidade territorial do povo Xukuru do Ororubá, Pesqueira e Poção-PE

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: VIEIRA, João Luiz da Silva
Orientador(a): MACIEL, Caio Augusto Amorim
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Geografia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/49018
Resumo: Agricultura e sagrado sempre estiveram imbricados na história humana. Até mesmo etimologicamente as palavras se relacionam. A prática agrícola faz parte do cotidiano e da vida religiosa de diversos povos, como é o caso dos Xukuru do Ororubá. Esta etnia tem seu território nos municípios de Pesqueira e Poção-PE, a cerca de 215 km de Recife. Os Xukuru do Ororubá vinculados à agricultura e enxergam nesta atividade uma forma de se relacionar com os encantados, os espíritos dos que já se foram. Apesar do período de domínio latifundiário e fabril, esse povo originário manteve suas práticas em “ilhas de resistência”. A agricultura foi uma das principais pautas durante as retomadas por terras. Após a homologação do território, a atividade agrícola foi primordial enquanto estratégia de manutenção e gestão territorial, fortalecendo a identidade do grupo e subvertendo os ideais coloniais da época dos fazendeiros. A partir disso, essa pesquisa tem como cerne compreender como a agricultura do sagrado fortalece a identidade do povo Xukuru do Ororubá. Para alcançar esse objetivo, foi necessário traçar uma trilha metodológica pautada principalmente pela observação direta e relatos de vida coletados no CAXO da Boa Vista (Centro de Agricultura Xukuru do Ororubá), além da pesquisa participante, possibilitando maior entendimento da realidade dos sujeitos. A agricultura é uma das bases da noção de território para os Xukuru do Ororubá. A agricultura produz, alimenta, encanta e também ensina. Nesse contexto, o CAXO da Boa Vista aparece como um espaço que valoriza a agricultura enquanto modo de vida ao abrigar o Terreiro da Boa Vista, vértice do material e do espiritual. Estudar povos indígenas e suas visões de mundo é romper com os pensamentos coloniais de homogeneidade e subverter a própria ciência geográfica em busca de novos paradigmas.