Mobilização da subjetividade de auxiliares e técnicos de enfermagem atuantes na linha de frente de combate à Covid-19 : uma compreensão à luz da Psicodinâmica do trabalho

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: SANTOS, Maria Cristiane Pereira dos
Orientador(a): MARQUES, Denilson Bezerra
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Gestao Publica p/ o Desenvolvimento do Nordeste
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/42441
Resumo: Este estudo objetivou compreender a mobilização da subjetividade de técnicos e auxiliares de enfermagem que atuaram na linha de frente de combate a COVID-19, do Hospital das Clínicas (UFPE), sob a luz da teoria Psicodinâmica do Trabalho. Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa, os dados foram coletados através de entrevistas semiestruturada com 13 profissionais. Para analisar os dados utilizou-se a análise dos núcleos de sentidos, categorizando os temas pelo critério de semelhança de significado semântico, lógico e psicológico. Os temas categorizados foram organizados em três eixos do método de Análise da Psicodinâmica do Trabalho (APDT) e foram discutidos e analisados a partir da Psicodinâmica do Trabalho, utilizando os conceitos de Dejours e aporte teórico psicanalítico. Como principais resultados o eixo I, organização do trabalho prescrito e real do trabalho: apresentou as ações da gestão e as prescrições necessárias ao trabalho; identificou-se normas rígidas e seguidas rigorosamente, devido ao elevado risco de contaminação pelo Sars-CoV-2; além dos riscos biológicos, os profissionais foram expostos a cargas psíquicas elevadas; e em circunstância do período pandêmico a existência de fatores externos afetaram a relação com o trabalho. O real do trabalho apresentou-se como impacto inicial que suscitou diversos sentimentos e sofrimento intenso, os profissionais lidaram com variáveis envolvendo questões emocionais suas e dos pacientes, enfrentaram várias formas de resistência do real, alcançando a transformação de suas subjetividades. No eixo II, Mobilização subjetiva: constatou-se que a organização do trabalho possibilitou espaço para mobilização subjetiva como estratégia para enfrentar o sofrimento, revelou-se como formas de inteligência prática a familiarização com o trabalho, trabalhar o próprio psicológico e os saber-fazer discretos. O reconhecimento foi obtido pelos pares, clientes e hierarquia. A relação entre os pares foi de cooperação, constitui-se laços afetivos. Foi revelado que o mais prazeroso para esses profissionais é a recuperação da saúde e a alta dos pacientes. No eixo III, Sofrimento e defesas: identificou-se a construção de defesas coletivas contra os riscos físicos e psíquicos no trabalho, com o uso de estratégias defensivas coletiva de negação do medo e como defesa individual a sublimação. O fator que mais gerou sofrimento no trabalho foi a elevada mortalidade dos pacientes, fato que se contrapõe aos desejos desses profissionais de salvar vidas. Indicando a necessidade de ampliar as concepções e formas de reconhecimento no trabalho dos profissionais de enfermagem, para que sejam reconhecidos não só quando conseguem salvar vidas, mas também pela árdua tarefa de cuidar dos pacientes diante da morte.