Inferência de predição e argumentação em uma atividade de leitura de histórias em sala de aula

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: ALMEIDA, Gabriela Neves Marques de
Orientador(a): SANTOS, Selma Leitão
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Psicologia Cognitiva
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/49582
Resumo: A inferência é um processo cognitivo fundamental para a compreensão textual, possibilitando que o leitor dê sentido ao que está lendo. A inferência de predição é um tipo de inferência inerente ao processo de compreensão textual, estando relacionada à capacidade de prever fatos futuros se baseando em indícios e relatos já disponibilizados. Duas premissas serviram como ponto de partida para o presente estudo: a idéia de que argumentar e inferir são processos estreitamente relacionados; e resultados descritos no estudo recente de Cavalcante sugerindo que a predição teria uma base eminentemente argumentativa. A predição exige do leitor a consideração de múltiplas hipóteses de continuidade do texto, argumentando e contra-argumentando com os elementos explicitados neste, bem como com outros de natureza contextual (pragmática), para dar sentido àquilo que está lendo; processo este considerado aqui como de natureza caracteristicamente dialógica. Com base nestas premissas, este trabalho procurou investigar: (1) como ocorre o processo de inferenciação preditiva em crianças ainda não leitoras, no contexto de narrativas em sala de aula; e (2) de que maneira esse processo, uma vez “saturado” por atividades de argumentação, poderia contribuir no desenvolvimento do raciocínio inferencial da criança. A hipótese deste trabalho é de que a implementação de movimentos argumentativos, durante a realização de inferências preditivas em leituras na sala de aula, favoreceria o desenvolvimento do processo inferencial de predição nas crianças, sendo estas mais freqüentes e coerentes. Os participantes foram 15 alunos de uma escola particular de Recife, com idades de aproximadamente 5 anos, e sua professora. O método utilizado foi o de compreensão on-line, o qual consiste na leitura interrompida do texto, durante a qual o leitor deve responder a perguntas inferenciais sobre cada passagem lida. Dez atividades de leitura desta natureza foram registradas no estudo. Nas primeiras 3 sessões e na última a atividade preditiva das crianças transcorria sem que a argumentação fosse efetivamente implementada pela professora. Nas demais (sessões 4 a 9), as crianças eram estimuladas a argumentar sobre as suas inferências. A análise dos dados foi realizada em dois momentos dis- tintos: 1) micro-análise, com o objetivo de observar qualitativamente a ocorrência de inferências de predição no curso das dez sessões de leitura registradas; 2) macro- análise, com o objetivo de por em perspectiva as inferências de predição realizadas pelas crianças durante atividades de leitura com e sem implementação deliberada de atividade argumentativa. Com estas análises foi possível observar que, quando demandadas a argumentar, seja apresentando pontos de vista, justificativas, oposições ou respostas às oposições, as crianças produziram maior número de in- ferências de predição. Conseguimos ainda observar como crianças que ainda não dominam a leitura constroem inferências de predição a partir do que está sendo lido para elas. Com este trabalho espera-se contribuir para um melhor entendimento acerca do desenvolvimento da capacidade inferencial de predição de crianças “não- leitoras”, além de contribuir com a ampliação de conhecimento sobre a natureza argumentativa de processos cognitivos básicos, no caso, a inferenciação. O estudo aponta ainda como a argumentação pode ser utilizada como recurso efetivo em ambientes de ensino-aprendizagem.