Argumentação na Educação: desenvolvimento de práticas socialmente compartilhadas de regulação do pensamento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: MACÊDO, Gabriel Fortes Cavalcanti de
Orientador(a): LEITÃO, Selma
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Psicologia Cognitiva
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/33460
Resumo: Investiga-se aqui o impacto de um desenho pedagógico intensamente argumentativo nos modos de organização do pensamento dos estudantes. O desenho pedagógico é a adaptação para sala de aula (Leitão, Damianovic, 2011) do Modelo de Debate Crítico (MDC) realizado no Chile (Fuentes, 2011). A adaptação se realiza em uma Disciplina Introdutório de Psicologia (DIP). A construção da DIP a partir do MDC é focada em criar um ambiente argumentativo que possibilite a emergência da consideração de pontos de vista opostos, uso de critérios para produção e avaliação de argumentos, ponderação da palavra alheia como forma de exercício crítico. A DIP/MDC é um cenário pedagógico dividido em seis ciclos temáticos em que os estudantes realizam um debate (um debate em cada ciclo). Os temas partem de controvérsias temáticas no campo dos estudos da Psicologia. Divide-se a turma em três grupos de estudantes que desempenham uma função específica a cada ciclo (alternando as funções do grupo ao fim de cada ciclo). Os ciclos têm quatro fases: introdução ao tema, oficina de preparo (e discussão online), Debate Crítico e fechamento. O objetivo deste estudo é investigar de que maneira as formas socialmente compartilhadas de regulação do pensamento – presentes no contexto argumentativo observado – se transformam em formas de autorregulação dos estudantes. Este estudo parte de uma concepção sociohistórica dos processos psicológicos em que se compreende que as relações sociais são, progressivamente, internalizadas em forma de processos psicológicos interiorizados. Este estudo visa compreender regulação em diferentes níveis, a saber: autorregulação (ações sobre si mesmo), corregulação (ações diretivas de um par mais experiente) e regulação compartilhada (ações entre pares). Os participantes foram selecionados a partir do rastreamento retrospectivo em ao menos três vezes nas etapas de oficina para o debate e participação nas redes sociais. Nossos indicadores analíticos serão direcionados para diferentes dimensões das ações de regulação do pensamento. 1) indicadores de autorregulação serão o uso espontâneo de organizadores do pensamento presentes nas atividades da DIP/MDC, 2) indicadores de corregulação serão as ações docente diretivas com finalidade de regular a atividade em sala de aula e 3) os indicadores de regulação entre pares serão as ações que os estudantes fazem sobre uns aos outros como finalidade de regular o pensamento e o comportamento dos colegas. Os principais resultados foram: presença de hierarquia no funcionamento da regulação do pensamento, 2) distinção entre reguladores gerais e reguladores, 3) o papel de reguladores instrumentais pragmáticos) e reguladores estruturais (epistêmicos), 4) a transformação da regulação sobre a forma de argumentar, de expressar argumentos e raciocinar no contexto científico, e 5) a autorregulação como a sofisticação do uso dos recursos simbólicos e mudança nos modos de produzir inferência sobre informações. Nossos achados corroboram com a hipótese sociogenética sobre desenvolvimento humano e permite refletir sobre o impacto que a organização social da sala de aula como organização da atividade cognitiva dos estudantes.