Mulher, cisgeneridade e discurso: da naturalização à problematização?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: SANTIAGO, Ceuline Maria Medeiros
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
UFPE
Brasil
Programa de Pos Graduacao em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/30689
Resumo: Viver nos leva, consciente ou inconscientemente, a deparar com questões fundamentais relativas à existência humana, que se realizam socialmente por meio de práticas sociais e por meio do discurso — a um só tempo, elemento constitutivo e resultado da interação social. Fruto de profundas mudanças em todos os campos do saber e do fazer humanos, a atualidade convive com movimentos gestados e desenvolvidos, por meio de práticas sociais, que se configuram e se realizam através do discurso e das relações nele e por ele estabelecidas. No decorrer do processo histórico, as identidades sociais relacionadas à categoria de gênero vêm sendo vivenciadas de modo diverso, se reconfigurando e se reestruturando contiguamente com um processo de reconfiguração e reestruturação de discursos. No bojo das transformações sociais em curso, a categoria de gênero e a identidade social de mulher se afiguram como construções problemáticas, pois mobilizam faces e fronteiras que divergem entre si. Surgem, assim, categorias que marcam tal problematização, como as de “transgeneridade” e “cisgeneridade”, que se constituem como conceitos em construção. Mulheres transgênero e cisgênero se encontram ambas nos limites de duas categorias problemáticas, que abarcam relações de identidade/diferença entre mulher/homem e entre transgênero/cisgênero. Pela própria divergência em relação à norma de gênero, ou cisnormatividade, as mulheres transgênero percebem, questionam e problematizam seu gênero como construção social. E as mulheres cisgênero, estando “em conformidade” com a norma, se conformam discursivamente ao seu gênero como dado natural ou o problematizam como construção social? Dentro deste contexto, partimos da hipótese de que a mulher cisgênero problematiza sua identidade social de mulher e objetivamos investigar como ela faz isso do ponto de vista discursivo. Para essa investigação, consideramos perspectivas teóricas capazes de propiciar uma abordagem crítica e analítica do fenômeno. Assim, dialogamos teoricamente, sobretudo, com a concepção dialógica da linguagem (BAKHTIN, 2014 [1929]), a Análise Crítica do Discurso – ACD (FAIRCLOUGH, 2001; 2012) e os estudos pós-estruturalistas de gênero (SCOTT, 1994; 1995; 1998; 2008; BUTLER, 2002; 2003; 2007). Tendo em vista que partimos de uma hipótese geral, que pode se desenvolver ou levar à construção de novas hipóteses durante a pesquisa, o método abdutivo orienta os processos metodológicos adotados. O corpus foi constituído por dez entrevistas realizadas com mulheres cisgênero socialmente ativas, vinculadas à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e os dados foram transcritos e analisados com base nos pressupostos teóricometodológicos da Análise Crítica do Discurso.